sexta-feira, 27 de março de 2015


27 de março de 2015 | N° 18114
ARTIGOS - SÉRGIO KAPRON*

CUSTO SARTORI

Quanto custa uma empresa parada? Sem comando para produzir, com máquinas e tecnologia ociosas? Pelo menos o custo da folha, encargos, luz. R$ 4,8 milhões é o que custou aos cofres do Estado, nos dois primeiros meses, a super (!) Secretaria do Desenvolvimento, criada pelo governador Sartori. E se foi apenas um custo, o foi por opção do governo de que seus mais de cem servidores públicos nada produzissem.

Sem orientação, sem prioridades, a maioria deixou de executar os projetos de desenvolvimento das empresas e das regiões do RS. Na Agência de Desenvolvimento, sequer um diretor foi nomeado, todas as diretorias seguem acéfalas. Há uma evidente falta de prioridade ou de capacidade de condução.

Sequer podem usar o argumento da falta de recursos. Este governo encontrou programas de desenvolvimento estruturados, em pleno funcionamento e com recursos do Banco Mundial e do BNDES: R$ 43 milhões, já contratados e autorizados, para serem executados só no ano de 2015. Recursos que ainda devem aumentar em 50%, pois quando contratados o dólar estava em menos de R$ 2,00.

Estão comprometidas obras na área industrial de Guaíba, a Política Industrial, os Núcleos de Extensão e Inovação a empresas, os Arranjos Produtivos Locais que se desmobilizam e param de atuar, e ainda, os novos parques tecnológicos em regiões menos desenvolvidas, como Fronteira e Missões.

Falta governo exatamente onde reside a saída para a crise financeira histórica do RS: no crescimento produtivo e da renda, no desenvolvimento! Tal inoperância poderá ainda fazer com que o RS perca esses recursos, o que seria uma vergonha.

Mas ainda há custos difíceis de medir, como a desestruturação dos projetos, a desmobilização de equipes e obras no Interior e as empresas que deixam de ser capacitadas e apoiadas em projetos cooperados e de inovação. Ações que farão falta em empregos, PIB e impostos para saldar compromissos, como a própria folha do funcionalismo ou os 12% para a saúde.

Por fim, o custo maior, pelo seu efeito multiplicador, está no descrédito que o governo passa para a sociedade e na desmotivação dos servidores públicos. Projetos parando e servidores sem direção, desmotivados, são os ativos mais difíceis de recuperar. O desânimo daqueles com 20 ou 30 anos de serviço público e dos jovens com sólida formação, experiência no setor privado, mestres e até doutores, que recentemente optaram por servir ao público, é o retrato maior do custo que se agrava para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul.


*ECONOMISTA

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