09
de março de 2015 | N° 18096
MOISÉS
MENDES
O MOMENTO MAIS AGUDO DA CRISE
Tudo
isso está ocorrendo num cenário de total descrença em relação à classe política,
especialmente depois das recentes revelações do envolvimento de parlamentares
com a corrupção.
Apresidente
Dilma Rousseff aproveitou o seu pronunciamento pelo Dia Internacional da
Mulher, ontem, para reafirmar o compromisso do governo com o ajuste fiscal e
para justificar medidas que contrariam seus discursos de campanha. Sua fala à nação
inaugura uma semana decisiva para o país, que atravessa o momento mais agudo da
atual crise econômico-político-institucional.
Vários
fatores convergem para que os próximos dias sejam turbulentos, a começar por
duas manifestações de rua que estão sendo chamadas pelas redes sociais: uma,
com a assinatura da Central Única dos Trabalhadores, no dia 13, em defesa da
Petrobras mas contra medidas recentes do governo que reduzem benefícios de
trabalhadores; outra para o próximo domingo, dia 15, programada por setores
indignados com a corrução e com a deterioração da economia, além de grupos
minoritários que defendem o impeachment da presidente.
Tudo
isso está ocorrendo num cenário de total descrença em relação à classe política,
especialmente depois das recentes revelações do envolvimento de parlamentares e
autoridades com o escândalo de corrupção na Petrobras.
O
Poder Legislativo declarou guerra ao Executivo, pois suas principais lideranças
– o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha – acusam abertamente o governo de interferência nas investigações que os
indiciaram como suspeitos de ilicitudes. Em represália, ambos vêm adotando
medidas contrárias aos interesses do Planalto nas duas casas legislativas,
entre as quais a devolução da MP da desoneração tributária da folha de
pagamento das empresas e a transformação da CPI da Petrobras num palanque
antigoverno, inclusive com a ameaça explícita de investigar a presidente Dilma
e o ex-presidente Lula.
Apesar
da crise política e de estar sob fogo cerrado, o governo ainda pode – e deve – promover
os ajustes necessários para recolocar a economia nos trilhos, evitando que a
inflação dispare e que o desemprego assuma proporções incontroláveis. Para
isso, é imprescindível que a presidente vá além do discurso, assuma a condição
de fiadora do arrocho fiscal, abra um diálogo transparente com a nação e
respeite a autonomia das instituições que lutam pela restauração ética da
administração pública. Em síntese, que deixe de ser apenas militante partidária
e seja efetivamente uma estadista.
EM
RESUMO
Editorial
defende firmeza do governo com o ajuste fiscal e pede que a presidente Dilma
abra um diálogo transparente com a sociedade e reforce a autonomia das instituições
envolvidas no combate à corrupção.
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