08
de março de 2015 | N° 18095
FABRÍCIO
CARPINEJAR
E a poligamia?
Se a
poligamia fosse lei, nada seria fácil.
Alegria
em excesso desanda em embriaguez e termina em ressaca e dor de cabeça. O prazer
em dobro triplica a incomodação. Imagine vocês, mulheres, com a possibilidade
de se casar com dois homens.
Marmanjo
junto é máfia de criança. Eles ficariam na sala jogando videogame nas folgas,
gritando, bebendo cerveja e pedindo mais uma revanche.
Voto
minoritário na programação, perderia o comando da tevê, não contaria com a
complacência para assistir a seriados e filmes românticos.
Seus
dois maridos seriam melhores amigos, alimentariam segredos entre si e
responderiam tudo de maneira monossilábica para evitar discussões. Restaria o
chuveiro para chorar.
A
privada nunca teria a tampa abaixada, os frascos e as garrafas jamais estariam
bem fechados, as bandejas de gelo morreriam vazias.
Os
homens de casa fariam aquelas porquices masculinas – arroto, flatulência,
palitos e cotonetes sujos em lugares improváveis – e passariam o dia impunes
porque estariam em maioria dentro da residência.
Uma
toalha molhada na cama irrita, agora ponha duas em sequência e os lençóis
formarão um repentino banhado. Pense o que seria dirigir um carro com dois
copilotos palpitando sobre o melhor caminho ou pressionando para estacionar
numa vaga do tamanho de uma bicicleta?
Raciocine
a frustração de aparecer com corte novo no cabelo e nenhum dos dois reparar a
mudança. Mentalize o constrangimento de dissuadir sexo ao despertar com dois
homens excitados roçando suas pernas quando você ainda nem escovou os dentes ou
tomou café da manhã.
Pois
é. O paraíso mora dentro do inferno.
Agora
sonhem vocês, homens, com a chance de subir ao altar com duas mulheres ao mesmo
tempo.
O
que significaria contentar duas sogras? Aguentaria almoçar na casa de uma no
sábado e depois em outra no domingo? Sabe o desespero que é quando uma mulher
não consegue hora com sua manicure? Pois preveja duas não conseguindo um
encaixe e entrando em pânico.
Multiplique
a demora para sair a uma festa, tem paciência? Acompanharia a dupla pelo rali
dos provadores dos shoppings? Onde deixará suas roupas ao dividir o armário com
duas mulheres? Na despensa da cozinha? Dentro de uma mala debaixo da cama?
Se é
uma maratona fazer uma mulher gozar, como satisfazer duas? Não poderia pregar
os olhos antes de cumprir a tabela. E não invente de adiar o prazer de uma
delas para o dia seguinte sob o risco de difamação.
Seria
obrigado a decorar duas datas de aniversário, de início de namoro, de primeiro
beijo, de primeiro abraço, de primeiro jantar, de primeira festa, afora
peculiaridades de gostos e tamanhos da roupa. E nunca poderia confundir a com
b, o que geraria uma crise ciumenta sem precedentes.
Casado
com duas mulheres, gastaria metade de seu tempo curtindo e comentando as fotos
delas nas redes sociais. E ai se visualizasse uma mensagem no whatsapp e não
respondesse no ato. Ou se respondesse uma e esquecesse a segunda.
A
exclusividade é um luxo. Não reclame de monogamia. Não é à toa que o Carnaval
só dura quatro dias.
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