Jaime
Cimenti
Porto Alegre, São Patrício e a Santa
Ceva
Para
não me estressar e não enervar ainda mais os já atarantados e queridos
leitores, que já devem estar lendo os jornais, ouvindo as notícias do rádio e
assistindo aos trepidantes e metralhantes telejornais com mais e mais notícias
sobre os infindáveis escândalos sobre a interminável corrupção, peço licença
para falar de nossa mui leal e valerosa Porto Alegre e sobre cerveja, tudo a
ver.
Porto
Alegre está de aniversário. Ela não é só um bom lugar para se voltar, como
disse um enfastiado, aí. Nem é um lugar para morar só em abril ou outubro, como
disse outro enjoadinho, lamentando nosso lamentável clima. Porto Alegre pode
ser legal até em julho e agosto, desde que a Paola Oliveira apareça por aqui e
mesmo que venha com roupas de inverno.
Porto
Alegre é legal, é parecida com São Francisco, na Califórnia. Com o cais novo,
ficará igual a SF, teremos cais tipo Fischerman's Wharf. Sonho meu. Feliz
Niver, POA, Deus te ajude a ter um metrô, uma pista maior para o aeroporto, um
porto novo, um trânsito transitável e a volta de pessoas caminhando por aí de
noite.
Lá
por 1824, os alemães foram chegando em São Leopoldo e começaram a marcar
presença em Porto Alegre. A cerveja e chope chegaram para ficar. Porto Alegre,
a açoriana tímida, até hoje uma açoriana meio tímida, gosta muito de um bar, de
uma cervejinha. Perto do aeroporto surgiram várias micro-cervejarias nos
últimos tempos.
Nos
últimos tempos, a açoriana-alemã virou meio irlandesa. Pubs, cervejas,
cardápios e outros lances irlandeses foram aparecendo. No dia de São Patrício,
17 de março, a galera, mais uma vez, comemorou bebendo milhares e milhares de
litros de ceva e chope. Acha que estou exagerando? Um armazém do Moinhos
esgotou em poucas horas um estoque de 2 mil cervejas e chopes. Os comerciantes
próximos tiveram que fornecer o resto, mais o que tinham de destilados. Um
famoso pub da Padre Chagas vendeu 80 barris de 50 litros de chope no dia 17.
Na
Fernandes Vieira e João Telles, na Cidade Baixa e em outros points o santo
irlandês também foi reverenciado. Ano que vem tem mais Saint Patrick. Na real,
para muitos São Patrício é inspiração cotidiana. A galera espera boa quantidade
de ceva e chope geladésimos, banheiros químicos, uma estrutura melhor de
trânsito, policiais carinhosos, população compreensiva etc.
Acho
essa movimentação da ceva simpática. É uma bebida leve, geralmente não muito
cara, às vezes de fabricação caseira e/ou artesanal e os efeitos nos bebedores
são mais suaves e passam mais rápido do que os de outras bebidas e drogas.
Enfim,
creio que devemos agradecer a grande colaboração irlandesa para nossa cultura.
Além de James Joyce, agora a ceva e São Patrício. Legal. Porto Alegre
incorporou bem a coisa. Porto Alegre incorporou bem Portugal, Espanha, Japão,
Itália, China, França, África, Líbano, Alemanha, hermanos argentinos e
uruguaios e outros povos. Porto Alegre é universal, é diiiiimaaaaiisss!
a
propósito...
Porto
Alegre merece elogios pelos esforços na área turística, tanto os feitos por
autoridades públicas quanto os desenvolvidos pela iniciativa privada. Muitos
hotéis foram construídos, hostels e pousadas abertos. A ideia é deixar de
depender tanto do turismo de estudo e de negócios e contar com o turismo de
lazer.
A Secretaria Municipal de Turismo, entre tantas realizações que
desenvolve, implantou um interessantíssimo projeto de Turismo Criativo,
envolvendo oficinas de churrasco, mandala de fios, fabricação de cerveja
artesanal e outras atividades que colocam o turista em contato direto com a
cultura local.
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