24
de março de 2015 | N° 18111
DAVID
COIMBRA
Eles são mais perigosos do que
pitbulls
Os
donos de pitbull são brabos. Escrevi um texto mínimo no meu blog sobre o caso
daquela senhora morta por seu próprio pitbull, em Canoas, e eles, os donos de
pitbull, me atacaram como se eu fosse alguma coisa terrível e indesculpável,
como... sei lá... um governista.
Foi
horrível.
Sempre
tive medo dos pitbulls, e agora também tenho medo de seus donos. Se me virem na
rua, tenho certeza de que pularão no meu pescoço e tentarão me dilacerar a
dentadas – os donos, digo, que dos pitbulls tenho dúvida.
Os
donos juram que seus pitbulls são mansos e inofensivos, a despeito das centenas
de crianças e velhos mutilados e mortos em ataques aparentemente sem motivo
desse tipo de cão. Alguns disseram que a tal moradora de Canoas foi culpada por
sua própria morte, porque ela teria maltratado o cachorro. E garantem que um
pitbull bem adestrado é dócil como um diretor da Petrobras fazendo delação
premiada.
Isso
é reconfortante. A respeito dos bichos, pelo menos. Mas quem irá adestrar os
donos? Eles andam soltos por aí, sem focinheira, prontos a morder, como um
deputado do governo morde empreiteiros.
Sim,
tenho medo.
Defendo
a extinção gradual dos pitbulls. Eles seriam esterilizados pelo Estado e,
assim, a raça se esvaneceria da face da Terra sem dramas ou dores. Um perigo a
menos para os seres humanos, que, convenhamos, já têm o Estado Islâmico e os ex-presidentes
do Conselho da Petrobras com que se preocupar.
Os
donos de pitbull não aprovaram a minha ideia. Alegaram que muito mais perigosa é
a raça humana, com seus partidos políticos de honestidade maleável.
Quero
dizer que concordo com eles. Também sou a favor da extinção sem dramas ou dores
do Homo sapiens. Porque, precisamos admitir: não deu certo. Tudo ia
razoavelmente bem enquanto éramos nômades. Durante 190 mil anos, vivemos em
harmonia, caçando e coletando, rabiscando nas paredes das cavernas, abatendo
mamutes e arrastando as mulheres pelos cabelos. Aí, nos últimos 10 ou 12 mil
anos, decidimos nos fixar na terra, inventamos a agricultura e, com ela, a
civilização. E no que terminou a civilização? Em Brasília, uma cidade sem
esquinas ou escrúpulos, com um estádio vazio que custou US$ 1 bilhão e um monte
de petistas se repimpando nos cargos públicos.
Não,
não deu certo.
Schopenhauer
já dizia que devíamos parar de nos reproduzir a fim de alcançar a plenitude do
nada, a satisfação absoluta do Nirvana, o não existir doce e indolor. É o que
defendo. Vamos encerrar essa história desagradável. Mas sem sofrimento. Sem
gente morrendo estraçalhada pelos cães. Portanto, comecemos eliminando os
pitbulls. E torcendo para que seus donos não fiquem muito nervosos.
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