18 de março de 2015 | N°
18105
EDITORIAL ZH
A LIMPEZA DO PAÍS
O fortalecimento das instituições
e da cultura da vigilância e responsabilização são algumas das principais
contribuições da Operação Lava-Jato.
Ao completar um ano e atingir sua
10ª etapa, a Operação Lava-Jato contabiliza mais do que as prisões preventivas
ou temporárias de corruptos e corruptores que vinham sa-queando a Petrobras,
levantando também o manto político que encobria as falcatruas. A operação
mostra, acima de tudo, que há instituições independentes e confiáveis no Brasil
e que é possível, sim, promover uma limpeza ética na administração pública.
Organismos aperfeiçoados desde a Constituição de 1988 fazem valer suas
prerrogativas e suas responsabilidades. São esses, em especial, os casos da
Polícia Federal e do Ministério Público.
Deve ser creditada ao MP, que até
bem pouco tempo teve questionado seu direito e poder de investigação, boa parte
dos esforços para a compreensão da dimensão dos delitos e a identificação dos
criminosos.
Também vem merecendo justo
reconhecimento a atuação do Judiciá- rio, que tem na Lava-Jato uma oportunidade
singular de demonstração de vitalidade, imparcialidade e celeridade. Juristas e
observadores dos processos, mesmo que à distância dos acontecimentos, têm
exaltado principalmente a postura do juiz Sérgio Moro, que até agora mantém a
discrição que se exige da magistratura.
Fica evidente, nesses primeiros
12 meses, que a faxina pode estar apenas no começo. É generalizada a sensação
de que as investigações, as prisões e os indiciamentos levarão,
inevitavelmente, à condenação de um número de pessoas jamais registrado no país
num escândalo com tantos delitos conexos. Sabe-se, finalmente, como agiam as
quadrilhas que combinavam a ganância das empreiteiras, a extorsão sistemática
de servidores e o abastecimento de caixas de campanha dos partidos e dos
políticos.
O exercício pleno das tarefas de
cada órgão permite que o país tenha conhecimento das muitas quadrilhas formadas
em torno dos negócios da Petrobras, do extraordinário volume furtado e das
ações para reparação parcial dos danos.
A Operação Lava-Jato é também uma
contribuição ao fortalecimento da cultura da vigilância e da responsabilização,
para que os brasileiros sejam bem mais do que cidadãos indignados. É preciso
assegurar efetividade às ações, que talvez resultem também, num futuro próximo,
num processo de resgate de pelo menos parte da imagem da atividade pública. O
país vive, em meio à instabilidade econômica, política e ética, um momento que
põe à prova todas as suas estruturas da democracia.
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