24
de março de 2015 | N° 18111
LUÍS
AUGUSTO FISCHER
BOLA DE CRISTAL CIENTÍFICA
Andei
lendo com grande proveito um material que merece a consideração de todos os
intelectuais e as autoridades de qualquer hierarquia: a série “RS 2023: Agenda
de Desenvolvimento Territorial”, com material produzido pelo “think tank” mais
sólido do estado, a FEE, por extenso Fundação de Economia e Estatística. Está tudo
disponível no site fee.rs.gov.br, em “Agenda 2030” .
O
que fazem ali os técnicos (basicamente economistas, mobilizando dimensões geográficas
e históricas em profusão) é considerar dados estatísticos do presente e do
passado para imaginar o que poderá ser o Rio Grande do Sul em 2030, logo ali. Algumas
manchetes extraídas dos estudos dão o que pensar, por exemplo a notícia de que
em 2025 a população
gaúcha começará a diminuir. Mais velha ela já está – o número de pessoas acima
de 64 anos já é mais alto do que o número de viventes abaixo de 15 anos, e a
taxa da natalidade não está mais nem repondo as mortes.
O
estudo considera que o rumo do crescimento brasileiro tem três vetores nítidos –
extração mineral, com petróleo nesta conta, produção de energia e agronegócio. Que
lugar tem o Rio Grande nessa corrida? Sem fontes notáveis de minérios, sem petróleo
no quintal, nos resta o vento, que estamos aproveitando, e a produção de máquinas
para tudo isso, mais a produção primária, claro.
No
nosso cantinho de mundo, cá na vida cultural, universitária, educacional, há muito
a pensar. A produção de conhecimento tem enorme futuro, na área da saúde, por
exemplo; a produção de bens culturais idem; e nesses dois campos o Rio Grande
conta com experiência forte – mas o Estado tem políticas para isso? Pensa nisso
organicamente?
Me
disse o Álvaro Magalhães, um dos coordenadores desse estudo, que estamos no
caminho de virar um Uruguai, em alguns sentidos, o que não é tão mau, mas com a
boa diferença de que somos uma província de um país gigantesco com chances por
enquanto eternas de tornar-se um “global player”.
O
material da FEE é, deve ser, um patamar para a conversa, daqui pra frente. Esmiuçá-lo
em sala de aula, não apenas entre os economistas, pode ser uma boa providência.
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