quarta-feira, 4 de julho de 2012



04 de julho de 2012 | N° 17120
MARTHA MEDEIROS

Fuerza Bruta

Que boa notícia saber que, entre as diversas atrações anunciadas pelo Porto Alegre Em Cena, está o Fuerza Bruta, de uma trupe argentina que há muito anos se apresenta pelo mundo com sucesso absoluto. Assisti dois anos atrás em Nova York e é um espetáculo difícil de descrever, mas vou tentar.

Já havia sido orientada por uma amiga: vá vestida da maneira mais casual possível. De preferência jeans, camiseta e tênis. A duração é de apenas uma hora, mas você ficará em pé o tempo todo, e estará praticamente dentro da cena. Como é que é?

Quer me deixar tensa, basta ameaçar com uma peça em que os atores interagem com o público. Até deixo de assistir, às vezes. Coisa que não me atrai é sair de casa para pagar mico. Se você também é assim, rabugenta, tranquilize-se. Nada disso acontece no Fuerza Bruta.

Ao chegar, o público é encaminhado a uma sala escura e vazia. Só o que se vê é um grande círculo riscado a giz no chão. Todos são convidados a ficar dentro do círculo. Não se enxerga nada, onde é o palco? Há um palco? Por onde entrarão os artistas? Acalme-se.

Então, surge num mezanino um DJ tocando música eletrônica. A rave vai começar. Porque Fuerza Bruta é isso: uma rave performática. Instrutores dividem o público (metade pra esquerda, metade pra direita) e começa o show, que mescla teatro, dança e nonsense.

Um ator surge no corredor aberto entre a plateia e faz seu número, enquanto cai uma chuva cenográfica que respinga nos mais próximos: se você fez chapinha no dia, não fique muito ali, grudada. Depois surgem algumas atrizes que dançam uma coreografia totalmente contagiante. Número após número, tudo é surpreendente, bizarro, teatral, estranho, até que o grande momento acontece: do teto, começa a descer uma enorme piscina plástica, onde quatro dançarinas fazem movimentos dentro d’água.

Uma piscina suspensa sobre a cabeça do público, você consegue imaginar um troço desses? E a piscina transparente desce, desce, desce a ponto de esticarmos os braços e tocarmos no seu fundo, conectando-se com as garotas. Certamente não estou conseguindo explicar o efeito, é muito mais louco do que minha descrição permite. Só posso dizer que é sensacional e apavorante, porque se tem a impressão de que a piscina irá explodir e a água cairá sobre nós.

Tudo termina com a sequência final da rave: atores e público dançando juntos sobre o embalo do DJ, que é um personagem à parte. Vibrante. Se não confia na minha opinião, já viveram essa experiência Demi Moore, Ashton Kutcher, Bradley Cooper, Jude Law, Pierce Brosnan, Orlando Bloom, Serena Williams, Shakira, John Legend, Beyoncé – pergunte a eles.

E assim, no melhor estilo garota-propaganda, declaro minha torcida para que o Em Cena 2012 mobilize os gaúchos e mantenha sua fama de um dos maiores festivais de teatro do mundo. Em setembro, Nova York é aqui.

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