terça-feira, 3 de julho de 2012



03 de julho de 2012 | N° 17119
PAULO SANT’ANA

Uma tragédia evitável

Ecoou ainda mais profundamente no ódio que a torcida gremista sente por Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Assis o deboche público e ostensivo à torcida do Grêmio que o jogador praticou após a partida.

Ronaldinho Gaúcho brandia com os punhos cerrados e dizia palavras que foram gravadas por emissora de rádio em transmissão esportiva, na qual o jogador pronunciou termos de baixo calão, repetidamente, contra os torcedores.

É bem verdade que no meio da torcida gremista havia uma faixa com dizeres ofensivos à dona Miguelina, mãe do jogador.

Em boa hora, a direção gremista e o árbitro da partida mandaram retirar a faixa gravosa.

Como se vê, o ódio emanado da forma desleal com que o jogador foi embora em data não saudosa, nascido e cevado desde lá pela torcida tricolor, não é mais unilateral: o jogador e seu irmão mentor também agora já sentem ódio pelo Grêmio.

Dirão os cultores do óbvio que a banca paga e recebe, que quem ofende pode ser ofendido etc.

Não é verdade, uma multidão pode ofender e tornar-se impune. O jogador, que é uma figura pública, este não pode ofender, tem responsabilidade, mesmo que seja em defesa de agressões sofridas.

Tanto não tem responsabilidade pela agressão gráfica a torcida gremista que a direção do Grêmio, que tem responsabilidade, mandou retirar a faixa ofensiva do meio da torcida. Ou seja, quem tem responsabilidade agiu, a direção mandou retirar a faixa.

Mas o gesto com palavras de Ronaldinho, chamando na gravação os torcedores de f..., não tem perdão.

É triste ver-se que grande parte da população de Porto Alegre, a cidade natal de Ronaldinho, lhe dedique este ódio.

Ele e seu irmão não podem transitar por Porto Alegre, correm risco da agressão física e moral que pode ter consequências imprevisíveis.

Eu vou adiante, no propósito de resguardar as pessoas de Assis e Ronaldinho, aconselho-os a não pisar nunca mais nas ruas de Porto Alegre.

É tão grande o ódio contra eles que poderão sofrer sérias e incalculáveis agressões.

Não andem mais pelas ruas da cidade, nunca mais, poderão sofrer inesperados atentados. E isso eu e muitos lamentaríamos porque não desejamos que este episódio termine em tragédia.

Já soube que Ronaldinho e Assis arriscam sair às ruas em Porto Alegre raramente, protegidos por seguranças. Quero dizer que até mesmo este detalhe pode gerar ainda mais profunda revolta entre torcedores.

Melhor evitar o pior, embora seja lamentável isso, o futebol encerra tão grande paixão que ela pode descambar para o ódio, e não existe nada mais triste na vida social que duas pessoas não poderem nunca mais caminhar nas ruas da cidade que foi seu berço.

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