ELIANE
CANTANHÊDE
De Obama a Aécio
BRASÍLIA
- A partir da Páscoa, tende a acontecer uma reviravolta, ao menos uma inversão,
nas expectativas das candidaturas de oposição.
Até aqui,
Eduardo Campos (PSB), capaz de minar a reeleição de Dilma "por dentro"
e saudado como "o novo", ocupa espaços na mídia, angaria simpatias na
base de Dilma e nos aliados do PSDB. Agora, começa a sentir o gosto, nem sempre
doce, do excesso de exposição.
O PT
já martela que ele é "traidor", por ser da base e lançar-se contra
Dilma. Uma coluna daqui questiona a legitimidade de colocar-se na oposição. Outra
dali cutuca seu estilo, não tão moderninho assim, em Pernambuco. Mais virá.
De
outro lado, Aécio Neves parecia imobilizado na teia de egos e disputas do seu
partido, excessivamente voltado para dentro e para debates que não fazem nem
cosquinha no eleitorado. O PSDB fala para seu próprio eleitor, não para o
eleitorado que pode ganhar a mais. Isso também começa a mudar.
Quando
os tucanos se reúnem nos plenários solenes e sob o ar condicionado do Congresso
para discutir o desmanche da Petrobras, isso me faz lembrar a frase lapidar do
mestre Elio Gaspari: "O tucanato continua encantado pela crença segundo a
qual, se uma pessoa ficar com duas vezes mais raiva do PT, terá direito a dois
votos na eleição".
Com
a população embalada por um "estado de felicidade", com emprego,
renda, bolsas e cotas, o eleitorado está tão fascinado por Dilma quanto esteve
por Lula. Mas, se o PT teve cerca de 43% dos votos totais em 2002, 2006 e 2010,
57% não cairão por gravidade no colo de Dilma e oferecem-se à conquista.
É para
fazer a ponte com eles que o PSDB está trazendo dos Estados Unidos o
estrategista David Axelrod, arquiteto da campanha do democrata Barack Obama.
Dilma
é hoje uma candidata pronta, e Marina só precisa de ajustes. Os novatos Aécio e
Campos têm de ser "construídos". Senão, a casa cai.
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