domingo, 31 de março de 2013


ELIANE CANTANHÊDE

De Obama a Aécio

BRASÍLIA - A partir da Páscoa, tende a acontecer uma reviravolta, ao menos uma inversão, nas expectativas das candidaturas de oposição.

Até aqui, Eduardo Campos (PSB), capaz de minar a reeleição de Dilma "por dentro" e saudado como "o novo", ocupa espaços na mídia, angaria simpatias na base de Dilma e nos aliados do PSDB. Agora, começa a sentir o gosto, nem sempre doce, do excesso de exposição.

O PT já martela que ele é "traidor", por ser da base e lançar-se contra Dilma. Uma coluna daqui questiona a legitimidade de colocar-se na oposição. Outra dali cutuca seu estilo, não tão moderninho assim, em Pernambuco. Mais virá.

De outro lado, Aécio Neves parecia imobilizado na teia de egos e disputas do seu partido, excessivamente voltado para dentro e para debates que não fazem nem cosquinha no eleitorado. O PSDB fala para seu próprio eleitor, não para o eleitorado que pode ganhar a mais. Isso também começa a mudar.

Quando os tucanos se reúnem nos plenários solenes e sob o ar condicionado do Congresso para discutir o desmanche da Petrobras, isso me faz lembrar a frase lapidar do mestre Elio Gaspari: "O tucanato continua encantado pela crença segundo a qual, se uma pessoa ficar com duas vezes mais raiva do PT, terá direito a dois votos na eleição".

Com a população embalada por um "estado de felicidade", com emprego, renda, bolsas e cotas, o eleitorado está tão fascinado por Dilma quanto esteve por Lula. Mas, se o PT teve cerca de 43% dos votos totais em 2002, 2006 e 2010, 57% não cairão por gravidade no colo de Dilma e oferecem-se à conquista.

É para fazer a ponte com eles que o PSDB está trazendo dos Estados Unidos o estrategista David Axelrod, arquiteto da campanha do democrata Barack Obama.

Dilma é hoje uma candidata pronta, e Marina só precisa de ajustes. Os novatos Aécio e Campos têm de ser "construídos". Senão, a casa cai.

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