25 de março de 2013 | N° 17382
PAULO SANT’ANA
A
consciência humana
Olhei atentamente para a foto do encontro entre os dois
papas, o reinante, Francisco, e o emérito, Bento XVI.
Estamos diante de um fato insólito e ecoante: um papa
aposentou-se e foi descansar em seu tugúrio.
Rigorosamente, foi uma aposentadoria, Bento XVI cansou-se de
exercitar a função de papa e foi repousar com proventos existenciais.
Então fiquei cogitando lunaticamente de que o papa
aposentado, que era tido como o representante de Deus na Terra, pudesse ter
imitado o próprio Deus, que na minha hipótese excêntrica também teria se
aposentado depois de criar o mundo em seis dias.
Cogito, diante dos terremotos, das inundações, dos homens se
metendo em guerras e atentados nas cidades, enfim, do mal espalhado e reinante
aqui na Terra, que Deus tenha realmente se aposentado. Bento XVI teria somente
imitado Deus.
Essa teoria minha não é tão absurda, ela se casa exatamente
numa das teses predominantes em teologia, a de que Deus concedeu ao homem o
livre arbítrio, isto é, em suma, Deus criou o mundo, mas não se mete nos fatos
acontecidos nele, por isso ocorrem as catástrofes e todos os males terríveis
que encerram as relações humanas.
Tendo Deus se aposentado e tendo Bento XVI cedido lugar a um
substituto, quem então teria substituído Deus após sua aposentadoria?
Aí é que está a chave da minha tese: quem substituiu Deus
foi o livre arbítrio dos homens, a consciência de cada um de nós é que passou a
presidir os acontecimentos e os destinos.
A consciência humana é, pois, a substituta de Deus.
Por isso é que se criou entre os homens uma expressão muito
conhecida: “É preciso estar em paz com a minha consciência”, em outras
palavras, estar em paz com Deus.
Em ainda outras palavras: temos o dever de olharmos para
dentro de nós, bem fundo, e dirigirmos nossas condutas iluminados pela luz
dessa introspecção.
Ninguém pode fugir de sua consciência, isto quer dizer que
ninguém pode ignorar Deus.
Só despreza Deus quem despreza a sua própria consciência e
sai por aí a praticar o mal.
É muito claro pela teoria do livre arbítrio que o homem é
que escolhe o seu caminho, Deus deu-lhe liberdade para trilhar o bem ou mal, a
seu talante.
E o livre arbítrio é uma das principais diferenças entre os
homens e os animais.
Os animais não têm consciência para discernir entre o bem e
o mal.
Não sei por que vaidosamente me assalta a impressão de que
acabei de escrever uma das melhores colunas minhas de todos os tempos.
Usain Bolt, o atleta mais rápido do mundo em todos os
tempos, visita o Rio de Janeiro no próximo dia 31 de março.
E o Instituto da Criança com Diabetes faz um apelo a esta
coluna: o de que estas linhas colaborem para que o célebre atleta vista a
camiseta do Instituto para que ecoe nacionalmente o objetivo de sua obra.
O Instituto já tentou entrar em contato com Bolt, sem
sucesso. Mas se empenha profundamente para que ele vista a camiseta. Por sinal,
o Instituto só tem um meio para custear a sua nobre tarefa: é a venda de suas
camisetas.
A camiseta que se sonha que Bolt envergue não custará nada a
ele: apenas o grande gesto de vesti-la.
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