MOISÉS
NAÍM
Cinco livros sobre o poder
"O
poder de comandar frequentemente provoca falhas no pensar", diz Barbara
Tuchman
Ando
pensando muito atualmente sobre como o poder está mudando no mundo de hoje. Estes
são cinco livros velhos que me vêm ajudando a entender tendências novas.
Thomas
Kuhn, "A Estrutura das Revoluções Científicas" (1962): Kuhn argumenta
que a ciência nem sempre avança por meio do acúmulo gradual de conhecimentos,
na chamada "ciência normal".
Periodicamente
a normalidade é subvertida por revoluções que derrubam o edifício intelectual
inteiro da física ou biologia, por exemplo. Assim, a "ciência normal"
regularmente desaba sob o peso de informações que as teorias recebidas não
explicam e pelas revelações de novas explicações. A isso damos o nome de "mudança
de paradigma".
Embora
o livro seja sobre ciência, implicitamente trata de como o poder flui de uma
facção para outra, rival.
Barbara
W. Tuchman, "A Marcha da Insensatez - De Troia ao Vietnã" (1985): o
que têm em comum a Guerra de Troia, a fragmentação da Santa Sé, a perda das colônias
americanas da Inglaterra e a Guerra do Vietnã? A insensatez.
De
acordo com esta historiadora, esses quatro fiascos foram movidos por indivíduos
determinados a promover políticas contrárias a seus interesses e que
obstinadamente rejeitaram opções melhores. Por quê? Porque "o poder de
comandar com frequência provoca falhas no pensar".
Gabriel
García Márquez, "O General em Seu Labirinto" (1990): Simon Bolívar
conheceu o poder. Quando morreu, aos 47 anos, tinha libertado seis nações e
sido chefe de Estado de cinco delas. No entanto, ele morreu sem poder,
consumido pela tuberculose, frustrado por suas derrotas políticas.
Neste
magistral relato fictício da arrastada morte de Bolívar, o Nobel de Literatura
Gabriel García Márquez escreve que "o desespero, a doença e a morte
inevitavelmente derrotam o amor, a saúde e a vida". Um livro belo que
revela tanto sobre a condição humana quanto sobre a natureza fugaz do poder.
John
Arquilla e David F. Ronfeld, "The Advent of Netwar" (1996) (A chegada
da guerra de redes): Os autores são visionários: prenunciaram que redes ágeis,
descentralizadas e adaptáveis de combatentes não tradicionais criariam desafios
inusitados às organizações militares. Descreveram esses novos conflitos como "guerras
de redes" e previram que se tornariam o modo dominante de conflito no século
21. Para eles, as estratégias militares tradicionais "provavelmente se
mostrarão insuficientes para lidar com conflitos não lineares, de multidões, da
era da informação, na qual elementos sociais e militares se misturam
estreitamente". Se você tiver alguma dúvida quanto a essa previsão,
pergunte ao Taleban.
Felipe
Fernandez-Armesto, "Os Desbravadores: Uma História Mundial da Exploração
da Terra (2006): o autor narra a fascinante história das explorações do mundo.
O
livro é a história de como, nos últimos 5.000 anos, exploradores ousados
impelidos por motivações humanas básicas - especialmente a busca do poder
uniram o mundo.
@moisesnaim
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