terça-feira, 19 de março de 2013


19 de março de 2013 | N° 17376

TOQUE ARGENTINO

A primeira vez com Cristina

ANTES DA MISSA. Pontífice recebeu presidente argentina na véspera da cerimônia que marcará o começo do seu papado. Com sinais de que primará pela informalidade, Francisco será prestigiado por 31 chefes de Estado

Na véspera da cerimônia que marca o início do 266º pontificado, o argentino Jorge Mario Bergoglio – agora, oficialmente o papa Francisco – deu novas demonstrações de informalidade no mais alto posto da Igreja.

Em um gesto que indica espírito de reconciliação, simplicidade no trato com as pessoas e abertura ao diálogo, o papa argentino, notório crítico ao governo da presidente Cristina Kirchner quando era arcebispo de Buenos Aires, recebeu Cristina no Vaticano com uma rosa branca. Foi o primeiro encontro com um chefe de Estado desde que foi escolhido para substituir Bento XVI.

Os dois almoçaram juntos na Casa de Santa Marta, onde o Pontífice está hospedado temporariamente. Adepto da quebra de protocolos e avesso a formalidades, Francisco também surpreendeu a presidente dando-lhe um beijo no rosto. Ela, depois, brincou dizendo que nunca havia sido beijada por um papa. Na conversa, Cristina aproveitou para pedir que o religioso intervenha na disputa entre o seu país e a Grã-Bretanha pela soberania das Ilhas Malvinas.

– Pedi sua mediação para iniciar um diálogo entre as duas partes – disse Cristina, que lembrou a mediação do papa João Paulo II, em 1978, entre Chile e a Argentina, para resolver a demarcação das ilhas no Canal de Beagle, em 1978.

Em grego para unir Ocidente e Oriente

Depois do encontro entre os compatriotas, novos gestos que geram a expectativa de que surgirá uma nova Igreja foram anunciados pelo Vaticano. Francisco determinou que a missa inaugural de seu pontificado, que estava marcada para as 9h (5h, no horário de Brasília), seria simplificada e encurtada.

Também escolheu usar um anel de prata, em vez de ouro, e trocou o latim por outros idiomas na leitura do Evangelho – hoje, a leitura seria em grego, que simboliza a “unidade das igrejas do ocidente e do oriente” (as igrejas estão separadas desde o cisma de 1054). O turco Bartolomeu I, o “papa” dos cristãos ortodoxos, participaria da posse pela primeira vez desde a ruptura.

Desde que foi eleito na quarta-feira, Francisco indicou que fará um papado com menos pompa em relação ao de Bento XVI. A começar pelas roupas, predominantemente brancas e sem adornos. Hoje, a caminho da cerimônia, passearia a bordo do papamóvel – também usado por Bento XVI.

Ontem, estava prevista a presença de 31 de chefes de Estado, entre eles figuras controversas como o ditador do Zimbábue, Robert Mugabe. Várias religiões cristãs enviaram representantes, além de muçulmanos, judeus e budistas.

A presidente Dilma Rousseff estará presente.

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