domingo, 17 de março de 2013


CARLOS HEITOR CONY

'A igreja está caindo!'

RIO DE JANEIRO - O jovem Francisco pertencia a uma família nobre e rica de Assis, uma cidadezinha na Úmbria, paraíso verde da Itália. Não dava muita bola para a sua classe, gostava de passarinhos, flores, chamava o Sol de "Irmão Sol" e a Lua de "Irmã Lua". Era poeta e místico, gostava de rezar.

Faz parte de sua história e de sua lenda. Estava na pequenina igreja próxima de sua casa quando ouviu a voz do Senhor: "Francisco, a igreja está caindo!". Apavorado, ele parou de rezar e deu o fora, ficou a certa distância, esperando a capelinha desabar.

Foi preciso que o Senhor se explicasse melhor. Nada contra a capela, Francisco entendera mal o aviso, a igreja que estava caindo não era aquela capelinha, era a igreja mesmo, como um todo, que mais uma vez atravessava uma crise daquelas.

Era necessário que alguém consertasse as coisas, fazendo a igreja voltar a seus valores essenciais de amor, humildade e pobreza. E não havia ninguém mais capaz do que o jovem Francisco, que já renunciara às pompas do mundo, para recuperar a mensagem fundamental do cristianismo.

Francisco criou uma ordem. Para não concorrer com outras, chamou-a de Ordem dos Frades Menores. Não quis se ordenar padre, não se julgava digno do ofício divino. Pouco depois surgiu um companheiro, por sinal um português que se chamava Fernando, mas mudou o nome para Antônio, que foi missionário e ficou famoso pelos milagres que fazia -dizem que faz milagres até hoje. É doutor da igreja, pregava aos peixes.

Francisco nada tinha de espetacular. Era, pura e simplesmente, um santo, irmão do Sol e da Lua. Nunca houve um papa que deu a si mesmo o nome de Francisco. O recado que o último conclave recebeu foi bastante claro: a igreja está precisando de alguém para consertar as coisas.

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