CARLOS
HEITOR CONY
'Urbi
et orbi'
RIO
DE JANEIRO - Apesar da idade, que é provecta, mas não necessariamente sábia,
ainda não me decidi se sou presidencialista ou parlamentarista na questão de
regime de governo. Aliás, e para ser sincero, não somente nessa questão, mas em
quase todas as outras continuo sem saber se sou isso ou aquilo -e não perco o
sono nem o rebolado por causa disso.
Este
preâmbulo não é para falar mal de dona Dilma, apenas para registrar que não
compreendo como ela tem disposição para estar em tantos lugares e circunstâncias
diversas e até contraditórias.
Devem
ser os ossos do ofício que a obrigam a estar em Roma para cumprimentar o novo
papa, em Petrópolis para a missa em homenagem às vítimas da enchente, não sei
onde para a reunião com os Brics. Não acompanho a agenda miúda de suas ocupações
oficiais e pessoais, mas é fantástica a ubiquidade com que ela se movimenta "urbi
et orbi" -para lembrar a sua presença no Vaticano, onde compareceu com uma
comitiva que se marcou pelas despesas e pela cafonice.
Como
todo mundo sabe, sua prioridade é a sucessão de si mesma, aliás, o universo político
só pensa nisso, o resto é a rotina dos atos e fatos oficiais, distribuídos em 39
ministérios e bilhões de entrevistas e declarações óbvias de pesar ou júbilo
conforme as circunstâncias.
Não
se trata de uma rainha da Inglaterra, mas antes fosse. Teria tempo para cumprir
a agenda protocolar, consolar os aflitos e criticar os corruptos. Presidente e
presidencialista de carteirinha, ela se obriga a desempenhar as duas funções da
maneira como pode -e louvo sua saúde e disposição.
Mas
vejo que o PAC parece que acabou, a inflação continua ameaçando e uma grande
obra, como a transposição do São Francisco, ficou como as Guerras Púnicas: um
verbete do passado.
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