18
de março de 2013 | N° 17375
PAULO
SANT’ANA
Extorsão na Arena
Desculpem
os leitores que não gostam de ler sobre futebol, desvio assim do fulcro
essencial desta coluna para tratar de um assunto urgente: o caos que se instala
na Arena do Grêmio quando dos vários jogos que já houve lá.
Sábado,
na partida contra o Lajeadense, assisti com meus olhos à balbúrdia
administrativa que se estabeleceu antes e durante a partida.
Milhares
de torcedores esperaram por duas horas em longa fila para entrar no estádio.
Além
disso, depois dessa torturante demora, culpa do Grêmio, havia torcedores que
chegavam finalmente na bilheteria e ouviam a voz extorsiva dos raros
bilheteiros: “Desculpe, mas já não há ingressos mais baratos, só temos
ingressos caros para vender”.
Mentira
e extorsão. Chantagem. Mentira, porque o estádio estava vazio, como podia não
haver mais ingressos baratos?
A
fila de torcedores era imensa, mas é lógico que o fosse: havia três bilheterias
abertas, tão somente.
Resultado
do caos: uma multidão de torcedores só pôde assistir ao segundo tempo, uma
absurdo gigantesco.
Ontem,
no Sala de Domingo, a que compareci, o setorista do Grêmio para ZH, Henrique
Benfica, para meu espanto, disse duas vezes que a organização da Arena na hora
do jogo não está a cargo do Grêmio. Mas a cargo de quem estará? Se o Grêmio não
pode administrar a Arena na hora do jogo, é melhor romper o contrato e voltar
para o velho e querido Olímpico. Lá havia ordem.
Faço
um desesperado apelo ao presidente Fábio Koff: intervenha imediatamente,
presidente, nesta balbúrdia.
Pode
ser que a Arena não seja do Grêmio, como o próprio Koff declarou. A Arena não é
do Grêmio, mas a vergonha é do Grêmio, diante dessa confusão em que se tornou o
estádio desde a inauguração.
Intervenha,
presidente Koff. Esfregue esta coluna nas caras dos seus interlocutores. É a hora
de virar a mesa com a OAS e estabelecer um fim a essa desordem.
E
essa tal de OAS que fique de uma vez por todas sabendo: ela pode lucrar uma
fortuna com esse contrato, pode nos arrancar o Olímpico na marra ou na escrita,
mas deixe o Grêmio administrar os jogos nos dias das partidas. Ovelha não é para
mato.
Parem
com essa esculhambação!
O
comentarista Wianey Carlet e o narrador Marco Antônio Pereira disseram no
microfone da Gaúcha, ao fim do jogo contra o Lajeadense, que não era o dia de
Barcos, o centroavante não estava bem.
Ora,
se os dois escolheram com justiça Zé Roberto como a maior figura da partida, se
Barcos foi o construtor, idealizador e costurador dos dois gols de autoria de Zé
Roberto, como é que Barcos não estava bem? Se as duas jogadas mais eficazes do
jogo, as que redundaram nos dois únicos gols, foram de autoria prodigiosa de
Barcos, como ele poderia estar mal na partida?
Marco
Antônio e Wianey viram outro jogo, que eu não vi. Barcos não jogou bem em
Caracas, mas no sábado esteve estupendo.
Como
eu escrevi há dias, lembrando o que disse o genial Nelson Rodrigues a respeito
disso, a maioria dos jornalistas esportivos é constituída de pessoas não
afeitas ao futebol e meros palpiteiros.
Foi
o Nelson Rodrigues que escreveu, não fui eu. Mas estava ele com a razão,
declaro.
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