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Rosane de Oliveira: Cair e não se
ajoelhar
Colunista
fala sobre a demissão dos ministros Mendes Ribeiro Filho e Brizola Neto
Demitido
do Ministério da Agricultura por pressão do PMDB mineiro, que ameaçava apoiar
Aécio Neves em 2014 se não ganhasse mais espaço no governo de Dilma Rousseff, o
deputado federal Mendes Ribeiro não aceitou o prêmio de consolação oferecido, a
fantasmagórica Secretaria de Assuntos Estratégicos.
Com
109.775 votos na eleição de 2010, Mendes Ribeiro não precisa de favor. Se
aceitasse o rebaixamento, estaria se humilhando por nada. A SAE não dá voto nem
prestígio. Até hoje não disse a que veio. O ex-governador Moreira Franco a
aceitou por falta de coisa melhor, na reforma de ontem, migrou para a
empoderada Secretaria de Aviação Civil.
Mendes
não caiu apenas porque o PMDB mineiro pediu o cargo para Antônio Andrade. Caiu
também porque a presidente não estava satisfeita com seu desempenho, apesar dos
elogios dos líderes do agronegócio no Rio Grande do Sul.
Embora seja esforçado, Mendes não é da área e
não tem as respostas técnicas que Dilma exige de seus ministros na hora de
apresentar um projeto ou um balanço de resultados. O longo e difícil tratamento
contra o câncer no cérebro dificultou sua integração na área. Se Dilma
estivesse satisfeita com seu trabalho, teria feito outro arranjo para acomodar
os interesses do PMDB.
Mendes
caiu também porque era quase uma indicação pessoal de Dilma, com um empurrão do
vice-presidente Michel Temer, empenhado em abrir vaga para o suplente Eliseu
Padilha. Na eleição, foi uma voz quase isolada no PMDB gaúcho a defender o
apoio à dupla Dilma-Temer. A maioria dos líderes peemedebistas ficou entre a
neutralidade e o apoio a José Serra. E Dilma sabe que, na reeleição, a
influência de Mendes no PMDB gaúcho é limitada.
Por
motivos semelhantes e outros adicionais, caiu também o ministro do Trabalho,
Brizola Neto. Sem força no PDT e sem experiência de gestão, ele teve uma
atuação pálida em um ministério que é a menina dos olhos do trabalhismo. Não
conseguiu se firmar como interlocutor das centrais sindicais, tarefa que Dilma
precisou delegar ao ministro Gilberto Carvalho.
O
acirramento da disputa no PDT, com as sucessivas demonstrações de força do
grupo de Lupi e a radicalização pela família Brizola, deixou Dilma sem opção.
Mesmo sendo protegido do ex-deputado Carlos Araújo, Brizola Neto perdeu o cargo
para Manoel Dias, que tem a bênção da bancada federal.
Confira
abaixo, a íntegra da nota publicada pela Presidência da República sobre a saída
dos ministros.
Nota
à Imprensa
Os
ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, deputado Mendes Ribeiro, do
Trabalho e Emprego, deputado Brizola Neto, e da Secretaria de Aviação Civil,
Wagner Bittencourt, estão deixando seus cargos depois de prestarem importante
colaboração ao governo e ao país.
O
deputado Antônio Andrade assumirá o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
O
Ministério do Trabalho e Emprego será ocupado pelo advogado Manoel Dias.
A
Secretaria de Aviação Civil será dirigida pelo ministro Wellington Moreira
Franco, que deixará a Secretaria de Assuntos Estratégicos.
A
presidenta Dilma Rousseff agradeceu a dedicação, o empenho e os inestimáveis
serviços prestados pelos ministros Mendes Ribeiro, Brizola Neto e Wagner
Bittencourt em suas áreas. Eles continuarão contando com seu apoio e confiança.
A
presidenta deseja bom trabalho a Antônio Andrade, Manoel Dias e Moreira Franco
nas importantes missões que passarão a desempenhar.
As
posses dos novos ministros ocorrerão neste sábado pela manhã, tendo em vista a
viagem da Presidenta da República ao Vaticano.
Secretaria
de Comunicação Social da Presidência da República
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