CARLOS
HEITOR CONY
O DNA das fumaças
RIO
DE JANEIRO - Tudo é diferente. Em menos de dois meses, um papa sucede a outro. No
Vaticano, o regime monárquico, sem qualquer transparência, ou melhor, com a única
transparência de uma velha chaminé.
A
campanha eleitoral ali é silenciosa, velhos cardeais de várias partes do mundo,
sem consulta às bases, quase estranhos entre si, descolam um deles, totalmente
desconhecido -e a coisa continua, para melhor ou para pior, certamente para o
mesmo.
No
Brasil, dois anos antes da eleição de um novo presidente, com centenas de
chaminés eletrônicas dentro e fora da mídia, já temos candidatos a candidatos,
embora exista na praça um deles (Lula) que pode ser considerado emérito.
Liberdade
total para nós. Dois pretendentes podiam ser netos dos cardeais de Roma. Por
sinal, um deles é neto de Tancredo, um ex. O outro é neto de Arraes, não chega
a ser um ex, mas tem força eleitoral.
Isso
tudo sem falar em Dilma, cuja popularidade vai bem, mas terá de enfrentar uma
campanha eclética, mas não ecumênica, de todos mais ou menos contra todos e, no
meio desses todos, até mesmo um fato novo na pessoa de um surpreendente
ministro do STF que está na manga dos eleitores e pode bagunçar (ou melhorar) a
sucessão.
Os
entendidos, como aconteceu em Roma, darão palpites, farão previsões baseadas em
institutos de pesquisa. Consta que o Espírito Santo ilumina os cardeais, mas o
nosso Espírito Santo local, em colaboração com São Paulo e São Sebastião do Rio
de Janeiro, pode até atrapalhar, mesmo sem água-benta, mas com o petróleo do pré-sal.
É possível
que outro santo, o Francisco, que está na moda, consiga, afinal, o milagre da
sua transposição. Falta muito para a chaminé se manifestar. Mas pode dar azar e
a fumaça sair cinza.
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