Jaime Cimenti
Vaticano
Estive
no Vaticano duas vezes. Na primeira vez, eu tinha onze anos e não atinei muita
coisa, até porque me senti meio tonto nos subterrâneos da Basílica, onde estão
os túmulos de alguns Papas. Com a ajuda de um guia do Touring Club, meu pai me
ensinou sobre a colunata de Bernini e outros detalhes arquitetônicos e me levou
ao Museu do Vaticano. Vinte anos depois, voltei ao Vaticano. Aos trinta e um,
depois de visitar a Praça, a Basílica e o museu, me sentei para descansar,
pensar sobre o local e observar o que meus olhos fascinados contemplavam.
A
Basílica, as colunas, os monumentos, as estátuas, as esculturas e tudo mais me
passaram, acima de tudo, uma sensação de eternidade. Fiquei pensando sobre uma
instituição única, de dois mil anos, presente em quase todo o mundo, com
milhões de fiéis.
Pensei
na minha infância e juventude em Bento Gonçalves, onde fui batizado e crismado.
As missas eram longas, em latim, os sermões idem e a mão de minha mãe teimava
em apertar a minha quando tentava sair antes da hora.
A
mão de um menino irrequieto que não gostava muito de cerimônias, pompas,
solenidades e formalidades. Bom, tinha o aroma do incenso e os sons buliçosos das
campainhas dos coroinhas, que, elegantes, vestiam vermelho e branco e, depois
da missa das dez, tinha o passeio no centro, a compra do Correio do Povo e uns
olhares para as gringuinhas lindas da cidade.
Quando
elas olhavam de volta ou sorriam, aí a presença de Deus ficava ainda mais
nítida e luminosa na Capital Brasileira do Vinho. Depois de trocarem ideias
sobre os rumos da Igreja, os cardeais elegeram um novo Papa, em segredo. Nessas
poucas linhas não dá para escrever e falar muito sobre dois mil anos de Igreja
Católica, mas fico pensando que a Igreja é comparável ao mar, com sua
infinitude, seus movimentos e ondas eternos, seus momentos de calma e de
tempestade, suas tradições e renovações, seus pastores e fiéis e seus
mistérios. Tomara que o Papa Francisco consiga modernizar e reformar a Igreja,
tomara que a simplicidade, a caridade e o verdadeiro espírito cristão
prevaleçam.
Tomara
que Jesus Cristo, São Francisco de Assis, Madre Teresa, Irmã Dulce e outros
gigantes sigam iluminando, feito faróis, os caminhos da barca, que segue
navegando no infinito, com a realidade, a fantasia, a fé, os temores, a
esperança e a desesperança e a vida e a morte de nós, humanos, pequenas
estrelas de um céu sem limites. (Jaime Cimenti)
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