13 de março de 2013 | N°
17370
PAULO SANT’ANA
Glória aos burros!
Tenho o maior respeito pelas
pessoas burras.
Porque elas não têm culpa de
serem burras. Elas nasceram assim e, pelo que se vê, não têm conserto.
Ninguém tem culpa de ser burro,
assim como ninguém tem mérito em ser inteligente: ambos já vieram ao mundo
assim.
Mas quero declarar que um dos
maiores empecilhos da civilização são os burros.
Eles atrasam as relações humanas
e são também o maior fator de não produtividade.
Já notaram que o burro é
paciente, resignado e humilde?
O burro tem todas as qualidades,
menos a inteligência.
Apesar disso, num mundo em que há
muitos burros, é possível que um burro tenha ascensão social.
Por exemplo, uma atividade em que
é frequente a prosperidade do burro é a política.
Há burros que assumem os maiores
cargos da República. Há burros que conseguem ser governadores e até presidentes
da República.
Um dos maiores desastres
existentes na sociedade humana se dá quando um burro governa pessoas inteligentes,
a revolta entre estes últimos chega à raiva e até ao ódio.
Porque não tem maior desgraça do
que alguém ser súdito de um burro.
Entre as diversas espécies de
burros, destaca-se uma como a mais irritante: a daquele que além de burro é
teimoso.
A gente vai e explica ao burro
que ele está (novamente) errado e ele não se convence, explana aí então com
mais veemência a sua tese absurda.
Com o burro teimoso, o melhor
mesmo é desistir.
Dou exemplo de uma burrice
pública que tem milhares de seguidores: os que não permitem que os parques e as
praças sejam cercados.
Não adianta explicar que o mais
belo e aprazível parque de Porto Alegre é o Germânia, construído pela
Goldsztein e entregue à prefeitura, no Jardim Europa. Ele é inteiramente
cercado e fechado à noite e só por isso dá gosto visitá-lo e usufruir de suas
esplêndidas benesses naturais e de equipamentos.
Mas, quando se prega que os
parques têm de ser cercados, sabem o que respondem os burros: “Cercados? Nada
de campos de concentração no seio da cidade, os parques têm de ser abertos ao
público”.
Ou seja, não entra nas cabeças de
chumbo dos burros que se quer fechar os parques à noite para que os vândalos
não os destruam e abri-los pela manhã até a tardinha para que eles se ofereçam
íntegros e benfazejos à população.
Não adianta, os burros não
entendem.
E essa burrice que já dura cem
anos destrói todos os dias o Parque da Redenção e outras praças da cidade.
Porque 95% das depredações nos parques acontecem durante a noite.
Mas, enfim, glória à burrice
triunfante! Para tristeza dos inteligentes e até de um certo orgulho dos
burros.
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