28
de março de 2013 | N° 17385
EDITORIAIS
ZH
O fim de um abuso
Um mês
depois de a Câmara Federal ter tomado a iniciativa, a Assembleia Legislativa gaúcha
decidiu acabar com o 14º e o 15º salários para deputados estaduais,
determinando o fim de um privilégio inadmissível e propiciando uma economia
considerável de recursos públicos.
Ainda
que a agilidade da Assembleia deva ser reconhecida no caso, é preciso colocar a
medida no seu devido contexto. Trata-se, muito mais, do fim de um abuso
escancarado do que de uma ação propositiva do parlamento. O correto, mesmo,
seria a devolução de tudo o que os parlamentares receberam além do que
recomenda o bom senso.
É importante
deixar claro que, na decisão dos deputados estaduais, pesou o fato de que os
seus ganhos devem equivaler a 75% dos percebidos pelos parlamentares federais.
Se
continuassem a perceber um 14º e um 15º salários num valor superior a R$ 20
mil, os legisladores gaúchos acabariam superando o teto máximo remuneratório
previsto em lei. Com a decisão de se adequar logo à mudança, os integrantes da
Assembleia abrem caminho para uma economia total de R$ 6,6 milhões a cada
legislatura, verba que poderá ser aplicada agora em outras áreas.
Economias
tão expressivas só se mostram possíveis devido às pressões por mais transparência
no Legislativo. Pioneira no esforço de facilitar o acesso a seus gastos por
parte da sociedade, a Assembleia gaúcha vem se defrontando muitas vezes com
desperdícios inadmissíveis.
Incluem-se
nesse caso desde os resultantes do chamado escândalo dos selos, por meio do
qual eram desviados montantes elevados, até o pagamento de servidores fantasmas.
Mais recentemente, foi descoberto que uma funcionária com salário superior a R$
24 mil sequer cumpria expediente.
O
aspecto surpreendente é que, quando se imagina que já não haja qualquer outro
privilégio a ser enfrentado, acaba surgindo mais um. Sinal de que a sociedade
precisa se mostrar permanentemente atenta aos excessos e aos responsáveis pela
sua perpetuação.
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