Após prejuízo bilionário, só a água
será gratuita nos voos da Gol
RICARDO
GALLO - DE SÃO PAULO
A
fim de reduzir custo e obter mais receita, a Gol acabará até maio com o serviço
de bordo gratuito em todos os seus voos domésticos. De graça, só um copo de água
será oferecido -ainda assim, a quem pedir.
A
medida é tomada no momento em que a Gol anuncia prejuízo de R$ 1,5 bilhão no
ano passado, o dobro das perdas registradas em 2011.
No
quarto trimestre de 2012, a empresa registrou perdas de R$ 447,1 milhões em
meio a alta nos custos de combustível e gastos adicionais com o fim da Webjet.
A
companhia aérea Gol acabará até o mês de maio com o serviço de bordo gratuito
em todos os voos domésticos
O
resultado negativo anunciado ontem ocorreu apesar do avanço de 7,5% nas
receitas no ano passado, para mais de R$ 8 bilhões.
A
informação sobre o fim do serviço de bordo gratuito está em comunicado distribuído
a pilotos e comissários, a que a Folha teve acesso.
Os
voos nacionais correspondem a 95% da operação da companhia, que é a única a
oferecer venda a bordo no Brasil. O processo começou em 2009 e hoje abrange
metade dos voos nacionais. Na TAM, na Avianca e na Azul, o serviço é grátis.
Desde
segunda-feira, o cardápio pago foi estendido para os voos da ponte aérea entre
os aeroportos de Congonhas e Santos Dumont. Isso significa que, neles, a opção
grátis se restringe a água.
Até a
semana passada, os passageiros da ponte aérea recebiam, de graça, amendoim,
suco e refrigerante.
Também
anteontem a Gol estreou quatro novos kits de cardápio: café da manhã e lanche
nas versões "saudável" e "tradicional". Cada kit custa R$ 10
e só é aceito pagamento em dinheiro.
Um
café da manhã saudável, por exemplo, traz suco de caixinha, queijo processado
light, pãozinho, barra de cereal e geleia light. Não há sanduíches entre as opções.
Por
enquanto, cada voo terá apenas 26 kits -para uma média de 150 passageiros.
No
mundo, a venda a bordo é prática comum; companhias de baixo custo, como Ryanair
e Easyjet, foram as precursoras do modelo.
Nos últimos
anos, mesmo as companhias aéreas que oferecem serviço gratuito passaram a
reduzi-lo.
"Acreditar
no sucesso deste serviço é o início de tudo. Tenham certeza de que estamos disponibilizando
um produto de qualidade. Sejam multiplicadores dessa ideia", disse a Gol
no texto destinado aos funcionários.
O
combustível, que subiu 18% anuais em dois anos, é um dos motivos para o prejuízo.
Outros fatores citados pela Gol são a alta do dólar e o aumento acima de 30% nas
tarifas aeroportuárias.
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