sábado, 6 de outubro de 2012



07 de outubro de 2012 | N° 17215
CAPA

Duda, a menina de ouro

A família entra em uma loja, e a vendedora diz, encantada: – Sabia que você é linda? – Sim. – Tão linda que poderia ser modelo. – Eu sou modelo. A vendedora sorri: – Ah! E como é seu nome? Paulo Borges, o pai, se antecipa, sempre zeloso por preservar a privacidade da família: – Duda Borges.

A vendedora continua: – Você sabe que eu vi em uma revista que a Gisele Bündchen tem uma sobrinha com o seu nome e que é modelo. – Eu sou modelo. A vendedora acha graça: – Então me dá um autógrafo? Ela pega a caneta e o papel que a vendedora estende.

Escreve DUDA e desenha uma boquinha em forma de beijo.

O diálogo ao lado não é roteiro de campanha publicitária. Aconteceu há duas semanas, na lojinha do hospital onde Paulo, Raquel e Duda fizeram uma paradinha para comprar um presente para o priminho recém-nascido, Francisco. Duda é a neta e sobrinha mais velha de ambas as famílias. O outro priminho, Benjamin, mora nos Estados Unidos. Ele é filho da tia Gise, que está grávida de sete meses.

Tia Gise é irmã de Raquel, a mais velha das seis irmãs Bündchen. Gestora de informática, ela é casada com o advogado Paulo Borges. Foi com o nome de Duda Borges que a modelo fez seu primeiro editorial de moda: seis looks com vestidinhos de primavera fotografados para Donna pelo chileno Carlos Contreras. Entre eles, a imagem ao lado.

Três anos depois, ela volta a Donna, para ilustrar a capa que comemora o Dia da Criança.

A ideia do designer da capa da revista, Gonza Rodriguez, era exigente: queria uma Duda alegre, com um sorrisão no rosto e a cabeleira dourada voando em um pulo.

No fim da tarde de quarta-feira, ela chega de vestido azul florido e traz mais dois modelos em uma sacola. Entra no camarim, onde a maquiadora Deby Marques passa blush, um gloss rosinha e um leve corretivo para disfarçar as olheiras. Deby separa as mechas de cabelo e inventa um truque para distrair a impaciência da modelo:

– Pedi que ela me ajudasse a contar o tempo do babyliss para cada mecha: “Um, dois, três... até 30”. E ela “roubava”. Contava: “Um, dois, três, 17, 18, 30!”. (risos)

Depois, no estúdio, Duda espera os ajuste de luz, é orientada sobre o lugar exato e a altura ideal do pulo, ouve as instruções para sorrir e manter os braços colados ao corpo. E então pula, pula, pula. Até cansar, até as bochecas ficarem vermelhas de calor e esforço.

No fundo do estúdio, Paulo incentiva:

– Sorriso, sorriso, sorriso. Quando acabar, ganha um sorvete.

Duda pula: – Sorvete, não. Picolé. Chicabom.

POR SANDRA SIMON

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