07
de outubro de 2012 | N° 17215
CAPA
Duda, a menina de
ouro
A
família entra em uma loja, e a vendedora diz, encantada: – Sabia que você é
linda? – Sim. – Tão linda que poderia ser modelo. – Eu sou modelo. A vendedora
sorri: – Ah! E como é seu nome? Paulo Borges, o pai, se antecipa, sempre zeloso
por preservar a privacidade da família: – Duda Borges.
A
vendedora continua: – Você sabe que eu vi em uma revista que a Gisele Bündchen
tem uma sobrinha com o seu nome e que é modelo. – Eu sou modelo. A vendedora
acha graça: – Então me dá um autógrafo? Ela pega a caneta e o papel que a
vendedora estende.
Escreve
DUDA e desenha uma boquinha em forma de beijo.
O
diálogo ao lado não é roteiro de campanha publicitária. Aconteceu há duas
semanas, na lojinha do hospital onde Paulo, Raquel e Duda fizeram uma paradinha
para comprar um presente para o priminho recém-nascido, Francisco. Duda é a
neta e sobrinha mais velha de ambas as famílias. O outro priminho, Benjamin,
mora nos Estados Unidos. Ele é filho da tia Gise, que está grávida de sete
meses.
Tia
Gise é irmã de Raquel, a mais velha das seis irmãs Bündchen. Gestora de
informática, ela é casada com o advogado Paulo Borges. Foi com o nome de Duda
Borges que a modelo fez seu primeiro editorial de moda: seis looks com
vestidinhos de primavera fotografados para Donna pelo chileno Carlos Contreras.
Entre eles, a imagem ao lado.
Três
anos depois, ela volta a Donna, para ilustrar a capa que comemora o Dia da
Criança.
A
ideia do designer da capa da revista, Gonza Rodriguez, era exigente: queria uma
Duda alegre, com um sorrisão no rosto e a cabeleira dourada voando em um pulo.
No
fim da tarde de quarta-feira, ela chega de vestido azul florido e traz mais
dois modelos em uma sacola. Entra no camarim, onde a maquiadora Deby Marques
passa blush, um gloss rosinha e um leve corretivo para disfarçar as olheiras.
Deby separa as mechas de cabelo e inventa um truque para distrair a impaciência
da modelo:
–
Pedi que ela me ajudasse a contar o tempo do babyliss para cada mecha: “Um,
dois, três... até 30”. E ela “roubava”. Contava: “Um, dois, três, 17, 18, 30!”.
(risos)
Depois,
no estúdio, Duda espera os ajuste de luz, é orientada sobre o lugar exato e a
altura ideal do pulo, ouve as instruções para sorrir e manter os braços colados
ao corpo. E então pula, pula, pula. Até cansar, até as bochecas ficarem
vermelhas de calor e esforço.
No
fundo do estúdio, Paulo incentiva:
–
Sorriso, sorriso, sorriso. Quando acabar, ganha um sorvete.
Duda
pula: – Sorvete, não. Picolé. Chicabom.
POR
SANDRA SIMON
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