Jaime Cimenti
Direita, centro e esquerda,
volver?
Esse
negócio de esquerda, centro, direita, centro-direita, centro-esquerda, liberal
de esquerda, tá difícil. Na real, nunca foi muito fácil. No tempo da Revolução
Francesa, na Assembleia Nacional, a coisa era mais clara.
O
cara sentava do lado esquerdo ou direito e estava pelada a coruja. Agora a
coisa está complicada. Parece futebol e conversa de técnico: não há mais
ponteiros avançados, os caras do centro andam para a frente, para trás, para
esquerda e para a direita, os jogadores dos setores de esquerda e direita por
vezes circulam pelo centro ou pelas áreas opostas do gramado e por aí vai.
Os
times têm um projeto, estão em progresso permanente, não estão preocupados com
as derrotas recentes e estão sempre buscando metas futuras e, quando necessário,
dão a cara para o torcedor dar umas batidinhas. Jogamos bem, mas o adversário
jogou melhor.
Perder,
ganhar ou competir é relativo - como diria Einstein -, mas desde que com os
pilas na conta no início, meio e fim do mês. É meio tipo assim na política. Tem
uma mensagem brincalhona na internet que fala de direita e esquerda. Diz que os
de direita são mais pragmáticos, não mudam tanto as coisas, resolvem por si os
problemas e que os de esquerda gostam mais de mudanças e de se meter em tudo,
ou quase tudo, até na vida dos outros.
Os
políticos de hoje, espertos como sempre, fogem de definições e rótulos, dizem
que gostam de ir pra frente, sem falar em direita ou esquerda. Ainda bem que no
trânsito, nos mapas, nas bússolas e no GPS ainda temos algumas direções mais ou
menos claras. Ao menos por enquanto. Pode alguém daqui a pouco dizer que tem o
direito de transitar por onde bem entende, que não pode ter sua liberdade
tolhida e tal, que pretende matar e morrer.
Alguém
pode dizer que estas convenções, sinais e regras são de direita (ou de esquerda)
e que precisam de alteração. Hoje em dia nunca se sabe. Antigamente também não
se sabia, vá lá. Não há o que não haja, como diz o outro.
Tudo
o que é sólido desmancha no ar, disse o professor aquele. Essa indefinição tipo
assim pós-moderna esquerda-direita nos deixa muitas vezes à deriva. Coca-cola é
esquerda ou direita? Há uns 40 anos perguntaram para o Lula se ele era
comunista. “Sou metalúrgico”, ele respondeu.
Pois
é, se me perguntarem se sou de direita, esquerda, centro, centro-esquerda,
liberal de esquerda ou direita, volante, atacante, goleiro, ala ou comunista,
vou responder que sou apenas um modesto cronista latino-americano, mas, modéstia
à pqp, colorado, que as pessoas e o mundo têm de andar pra frente, acho.
Jaime
Cimenti
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