13
de maio de 2013 | N° 17431
KLEDIR
RAMIL
Orquestra Filarmínima
Kleiton
e eu tínhamos um show para fazer em São Paulo com orquestra sinfônica e coral. Momentos
antes da apresentação, recebemos a notícia de que o maestro havia pedido demissão
e estávamos sem regente. Pelo que ficamos sabendo, o assunto estava relacionado
com atraso dos salários e um rumoroso caso extraconjugal que envolvia a mulher
de um conselheiro da orquestra. O que não vem ao caso agora.
Em
solidariedade ao maestro demissionário, as cordas, os metais, as madeiras e os
demais integrantes, levantaram acampamento.
Com
a intenção de não frustrar as expectativas da plateia de um teatro lotado,
tentamos contornar a situação, para que o público perdesse em volume, mas não
em beleza. E a produção não perdesse na bilheteria. Antes das cortinas serem
abertas, fui encarregado de explicar ao público as mudanças na programação. Respirei
fundo e fui até o microfone.
“Boa
noite, meus amigos. Gostaria de um minuto da atenção de vocês. Tivemos um
pequeno problema em relação ao programa previsto para esta noite, mas fizemos
questão de não cancelar o espetáculo, em sinal de respeito ao público aqui
presente.
Segundo
nota oficial da diretoria da orquestra, o maestro, cujo nome prefiro omitir,
ficou preso no aeroporto de Chicago, sem teto. Pelo celular, o sujeito teria
incitado os músicos a uma rebelião que chegou a agressões físicas e culminou
com a destruição parcial de um violino Stradivarius. Entre outros.
A
produção já estava entrando em pânico quando meu irmão, este santo homem, disse
que poderia tocar violino. O problema é que o violino dele é cortado ao meio. Apesar
das controvérsias, chegou-se a um consenso de que seria melhor um pedaço de
rabeca do que ter que cancelar o espetáculo. Então, senhoras e senhores, tenho
o prazer de apresentar, em primeira audição, o show de Kleiton & Kledir com
a Orquestra Filarmínima de Porto Alegre, a menor orquestra do mundo, composta
por apenas 1/2 violino, mas executada por um músico de primeira grandeza. O que
equilibra a coisa toda.”
Abriram
as cortinas, e fomos servidos aos leões.
Foi
então que acordei suando, num quarto de hotel em São Paulo e me dei conta de
que tudo aquilo havia sido um pesadelo. Liguei assustado para o meu produtor e
recebi, com alívio, a notícia de que a orquestra estava confirmada para o show
daquela noite.
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