28
de maio de 2013 | N° 17446
DAVID
COIMBRA
Não mande flores para a cova do
inimigo
O
ideal de um clube da dupla Gre-Nal é se importar tanto com o arqui-inimigo até o
ponto em que não precise mais se importar tanto com o arqui-inimigo.
Porque
só o que interessa para os gremistas são os colorados, e só o que interessa
para os colorados são os gremistas.
Fernando
Carvalho compreendeu isso. Estabeleceu metas para a sua gestão no Inter. A
primeira de todas: deixar de perder Gre-Nal. Foi assim que pavimentou o caminho
do Inter vencedor do quinquênio 2005-2010. Foi assim que mudou o Inter para
sempre.
Fernando
Carvalho sabe que a medida do Inter é o Grêmio; e vice-versa. Sabe que, como
canta o velho Belchior, não se deve mandar flores para a cova do inimigo.
O
jogo mais importante
O Grêmio
confundiu-se ao estabelecer as estratégias de enfrentamento dos seus três últimos
clássicos, justamente em momentos em que estava melhor do que o Inter. No ano
passado, não empenhou-se para vencer um jogo ganho; neste ano, escalou reservas
em duas oportunidades.
Erro
primário.
Talvez
pudesse vencer os jogos, aliviar-se com o bálsamo do Campeonato Gaúcho e fazer
o rival espadanar na crise. Ao contrário, comprometeu seu começo de temporada,
fortaleceu o Inter e, agora, quem se repoltreia na desconfiança é ele, Grêmio.
A
verdade mais que centenária nunca deve ser esquecida: para Grêmio e Inter, o
jogo mais importante do mundo é, e sempre será, o Gre-Nal.
Tempo
de amadurecer
Fernando
Carvalho é um admirador do futebol do Fred. Considera-o um novo Tinga, um
jogador que, com sua movimentação, dá dinamismo ao time.
Eu
sempre fui desconfiado de meias que não sabem fazer gol, mas, ao ver essa última
atuação de Fred contra o Vitória, tenho de concordar. Se jogar sempre com essa
disposição, Fred se tornará fundamental ao time do Inter.
Um
detalhe: Fred só está podendo se tornar o que é porque está tendo tempo para
amadurecer. Porque o Inter passou um semestre inteiro na bonança. Porque o Grêmio
desprezou o Gre-Nal.
Aprendendo
com Nietzsche
Fred
está se tornando quem ele é. É a base de toda a filosofia e de toda a psicanálise.
“Torna-te quem tu és”, escreveu Nietzsche.
Não
se trata de tarefa fácil.
Nietzsche
também dizia que cada um deve saber o quanto de verdade sobre si mesmo é capaz
de suportar.
É por
isso que, muitas vezes, ir tão fundo talvez não seja o ideal. Talvez o melhor
seja deixar que a vida o conduza. Aprender e fazer ao mesmo tempo. Pensar
enquanto age. Como Fred. Ele vai jogando, ele vai se adaptando às exigências da
realidade e, aos poucos, vai se encontrando, vai descobrindo como se sente
melhor e onde se sente melhor e de que forma se sente melhor. Está se tornando
quem ele é.
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