26
de maio de 2013 | N° 17444
ARTE
Mulheres do Pompidou chegam ao
Brasil
Exposição
no Rio de Janeiro reúne obras de grandes artistas femininas
Em
1929, Virginia Woolf publicou o ensaio Um Quarto Só para Si, em que defendia a
necessidade de um espaço de criação só da mulher. Sete décadas depois, o Centre
Georges Pompidou, em Paris, parece ter se lembrado da mensagem e retirou de um
andar todas as obras feitas por homens, deixando no lugar uma narrativa só
feminina em alguns casos feminista , da abstração de Sonia Delaunay às
performances agressivas de Valie Export e Marina Abramovic.
—
Foi um gesto muito forte — diz Cecile Debray, uma das curadoras da mostra no
Pompidou, que agora traz 115 dessas obras ao Centro Cultural Banco do Brasil do
Rio de Janeiro.
—
Vimos que havia uma resistência do Pompidou em mostrar as artistas mulheres —
lembra a curadora Emma Lavigne.
Na
tentativa de sanar essa desigualdade, a mostra busca “não só falar de arte e
feminismo”, nas palavras de Lavigne, mas “contar a história da arte moderna e
contemporânea pelos olhos da mulher, um projeto mais global”. Essa mulher pode
ser uma Marina Abramovic que se descabela aos gritos, bradando que a arte deve
ser bela, num vídeo dos anos 1970. Ou o pôster das Guerrilla Girls, que lista
estatísticas embaraçosas do Metropolitan em Nova York, onde 5% dos artistas no
acervo são mulheres e 85% das mulheres retratadas nas telas estão nuas.
Vestidas
ou não, a mostra no CCBB quer despir a produção visual dessas mulheres. Se há
algum poder em separar os sexos num momento histórico em que tudo parece ter se
misturado para sempre, é lembrar que visões de mundo podem estar atreladas ao
gênero ou cerceadas por ele.
Em
cartaz no Rio até 14 de julho, a mostra é gratuita. O CCBB abre de terças a
domingos.
SILAS
MARTÍ FOLHAPRESS
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