sábado, 25 de maio de 2013


26 de maio de 2013 | N° 17444
ARTE

Mulheres do Pompidou chegam ao Brasil

Exposição no Rio de Janeiro reúne obras de grandes artistas femininas

Em 1929, Virginia Woolf publicou o ensaio Um Quarto Só para Si, em que defendia a necessidade de um espaço de criação só da mulher. Sete décadas depois, o Centre Georges Pompidou, em Paris, parece ter se lembrado da mensagem e retirou de um andar todas as obras feitas por homens, deixando no lugar uma narrativa só feminina em alguns casos feminista , da abstração de Sonia Delaunay às performances agressivas de Valie Export e Marina Abramovic.

— Foi um gesto muito forte — diz Cecile Debray, uma das curadoras da mostra no Pompidou, que agora traz 115 dessas obras ao Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro.

— Vimos que havia uma resistência do Pompidou em mostrar as artistas mulheres — lembra a curadora Emma Lavigne.

Na tentativa de sanar essa desigualdade, a mostra busca “não só falar de arte e feminismo”, nas palavras de Lavigne, mas “contar a história da arte moderna e contemporânea pelos olhos da mulher, um projeto mais global”. Essa mulher pode ser uma Marina Abramovic que se descabela aos gritos, bradando que a arte deve ser bela, num vídeo dos anos 1970. Ou o pôster das Guerrilla Girls, que lista estatísticas embaraçosas do Metropolitan em Nova York, onde 5% dos artistas no acervo são mulheres e 85% das mulheres retratadas nas telas estão nuas.

Vestidas ou não, a mostra no CCBB quer despir a produção visual dessas mulheres. Se há algum poder em separar os sexos num momento histórico em que tudo parece ter se misturado para sempre, é lembrar que visões de mundo podem estar atreladas ao gênero ou cerceadas por ele.

Em cartaz no Rio até 14 de julho, a mostra é gratuita. O CCBB abre de terças a domingos.


SILAS MARTÍ FOLHAPRESS

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