segunda-feira, 20 de maio de 2013



20 de maio de 2013 | N° 17438
PAULO SANT’ANA

A sorte de Luxemburgo

Chego à Redação exatamente ao meio-dia de domingo, o tempo está enfarruscado, chove de vez em quando, uma chuvinha rala como a minha esperança.

Já lá se vão cerca de 2,3 mil domingos em que trabalho, dentro das 16 mil colunas que já escrevi em ZH nos últimos 43 anos.

Os dias se sucedem entre empolgantes e maçantes, o importante é que estou vivo e continuo trabalhando e subindo na vida, como uma pirâmide em demanda do infinito.

Depois de ler esta coluna, você, leitor ou leitora, terá mais condições de concluir se Luxemburgo fica no Grêmio ou será demitido.

Como já se sabe, a multa que o Grêmio terá de pagar a ele, caso o demita, soma vários milhões de reais.

Aí é que está a coisa: se o Grêmio não o demitir só para evitar de pagar a multa, então estará estabelecido que não o quer mais, mas não o demite só para não lhe pagar a fortuna, até mesmo porque dinheiro no Grêmio é coisa que anda em falta.

Nessa hipótese, muito concreta e que no meu entender é a que acontecerá, teremos um clube que não quer mais seu treinador mas terá de suportá-lo, o que caracterizará os próximos meses como repletos de constrangimento mútuo.

O Grêmio teria motivos fundados para demitir Luxemburgo. Ele não ganhou coisa alguma até agora, desclassificou seu time em vários campeonatos.

Além disso, saiu da cabeça do Luxemburgo um dia a ideia infeliz e errática de deixar Fernando no banco e botar um tal de Adriano no time, um absurdo que não se espera de um treinador que não esteja superado.

Três dias depois, a comprovar a estultice de Luxemburgo, Felipão convocou Fernando para a Seleção Brasileira.

Além disso, em decisão estapafúrdia, Luxemburgo decidiu a classificação da Copa do Brasil do ano passado com o Palmeiras, deixando estupidamente Moreno e André Lima, os dois únicos centroavantes que ele tinha, no banco. Perdeu de 2 a 0 como castigo à sua cegueira.

E, para coroar esse rosário de burrices, Luxemburgo levou o time para ficar 10 dias na Colômbia, onde decidiria a classificação com o Santa Fe, e retrancou-se humilhantemente em campo, afirmando com isso a mediocridade espantosa de declarar ao mundo que o Grêmio só buscava um resultado: o 0 a 0. E qualquer criança sabe, desde que foi inventado o futebol, que quem joga para empatar acaba perdendo.

Então, motivos não faltam para demitir Luxemburgo, o que pode faltar é dinheiro para pagar a multa que ele espertamente exigiu que fosse colocada como cláusula do seu contrato.

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