Jaime Cimenti
As obras da juventude de
Tolstói
Os
romances Infância, Adolescência e Juventude, do genial e imortal escritor russo
Lev Tolstói, são, provavelmente, as obras mais autobiográficas do autor do
clássico romance Guerra e Paz e de outras obras da literatura universal, como A
morte de Ivan Ilich e Anna Karenina. Em formato de bolso, as três narrativas
acabam de sair pela coleção L&PM Pocket em volume único, com tradução,
introdução, cronologia e posfácio da professora Maria Aparecida Botelho Pereira
Soares.
Muitos
consideram Tolstói o maior escritor russo de todos os tempos e os julgamentos
do tempo, da crítica e dos leitores o colocam como um dos criadores mais
marcantes das letras universais. Um dos maiores críticos e professores de
literatura do mundo, Harold Bloom disse que Tolstói é o mais canônico de todos
os romancistas do século XIX. Infância, Adolescência e Juventude foram
publicados originalmente em folhetim nos anos de 1852, 1854 e 1857, quase uma
década antes de Guerra e Paz e Anna Karenina.
Os
textos mesclam bem autobiografia e ficção e o autor inspirou-se em eventos e
pessoas reais para compor a trilogia. Nos três romances, em que figura o
narrador-protagonista Nikolai Irtêniev, garoto nascido na nobreza rural (como
Tolstói), é composto um grande painel da Rússia tsarista. As relações entre
senhores e servos, os devaneios de juventude, os costumes da alta sociedade
moscovita, entre outros temas, estão presentes na narrativa.
Nestes
grandes romances de formação, o autor desenvolve seu domínio narrativo,
especialmente quando descreve a vida interior dos personagens. Essa técnica,
como se sabe, é a maior característica das obras-primas do escritor russo.
Tolstói nos revela como a mente de um jovem rico foi abrindo-se para o mundo,
para a existência de outras classes de pessoas, não nobres, com que ele fora
privado de conviver até os 16 anos pelo excessivo zelo de sua mãe.
Esta
edição é histórica pois, pela primeira vez, o leitor brasileiro pode ler as
obras do autor em tradução direta do original russo. Tolstói sonhou com uma
revolução moral, sem armas, sem violência, inspirou Gandhi. Seus sonhos ainda
são utopias. Depois que o autor se foi, duas guerras mundiais ocorreram,
dezenas de guerras localizadas e revoluções sangrentas e um número infindável
de atos terroristas aconteceram. O abismo entre os pobres e ricos aumentou.
Mas
o grande legado de escritor realista e as páginas literárias imortais de Liev
Tolstói permanecem, por sua arte, beleza e importância. Permanecem como devem
permanecer os sonhos. L&PM Pocket,
400 páginas, www.lpm.com.br.
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