sábado, 11 de maio de 2013



12 de maio de 2013 | N° 17430
CAPA

Presença de amor

Donna revela histórias de quem dedica a vida a ajudar as mulheres no momento mais intenso e marcante de suas vidas: a hora de tornar-se mãe

Enquanto o bebê não chega, elas aconselham, orientam, zelam. Espreitam por entre as ansiedades das quase mães, aguardando o momento de estender a mão carinhosa na direção das suas dores. Quando é hora, acompanham, ajudam, defendem. Acolhem a nova vida e anunciam uma vida nova para o pai e a mãe que acabaram de receber o pequeno presente. Elas não são mães, madrinhas, irmãs, amigas. Não são enfermeiras, parteiras, médicas. São doulas.

Profissão que ganha cada vez mais adeptos no Brasil, a doula de parto era figura desconhecida até pouco tempo atrás. Depois que celebridades passaram a divulgar os benefícios do parto humanizado, com menos medicamentos, hospitalizações e, principalmente, cesáreas, a figura da doula passou a ser mais popular. Gisele Bündchen, que fez o parto dos dois filhos em casa, foi acompanhada por uma doula e virou uma espécie de porta-voz desse estilo de nascimento, escolhido por cada vez mais famílias.

O ofício que antigamente era praticado pelas matriarcas das famílias, irmãs e tias, ganhou a ajuda de cursos de formação para se disseminar. Uma das estrelas desse mercado no mundo é a brasileira Ana Paula Markel, que há anos trabalha como doula e instrutora nos Estados Unidos – país em que esta figura é requisitada há muito mais tempo.

O Bini Birth, estúdio onde Ana Paula ministra seus cursos e workshops, fica no bairro de North Hollywood, em Los Angeles, e já recebeu personalidades como Penélope Cruz, Alanis Morissette, Christina Applegate e as modelos brasileiras Michelle e Camila Alves – além de uma infinidade de outras mulheres que a contratam para que acompanhe seus partos ou que buscam nela o conhecimento para seguir essa profissão.

Algumas vezes por ano, Ana Paula vem a São Paulo ministrar cursos para novas doulas, mais concorridos a cada edição. Por aqui, não há notícia de “doulos”, mas em outros países já há homens praticando esse ofício. Poucos, mas há.

Hoje, a atividade já é lucrativa, inclusive no Brasil. Uma doula experiente tem clientela de sobra e pode cobrar o que considerar justo – o assunto preço é, normalmente, tratado com discrição por aqui, mas nos Estados Unidos o serviço pode variar de US$ 700 a US$ 3 mil.

Dinheiro, no entanto, parece ser a menor das motivações das doulas com quem a reportagem de Donna conversou. Ajudar mulheres a terem um parto menos traumático, mais humano, tranquilo e que respeite suas vontades, além de auxiliar a família na lida com o bebê, é o que realmente encanta quem escolhe este caminho. Para todas elas, é mais do que uma profissão, mais do que uma escolha. Ser doula é um ato de amor.

patricia.lima@zerohora.com.br

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