30
de maio de 2013 | N° 17448
EDITORIAIS
ZH
ALERTA NA LARGADA
Sob
qualquer ângulo que seja examinada, a expansão de apenas 0,6% no Produto
Interno Bruto (PIB) de janeiro a março deste ano, em relação ao último
trimestre de 2012, só pode ser vista como decepcionante. É que, mesmo com a
expansão excepcional da agropecuária, de 9,7% no período, o desempenho da
largada do ano, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), ficou longe do percentual próximo a até 1% aguardado nos meios oficiais.
E
torna ainda mais difícil a perspectiva de o conjunto de bens e serviços
produzidos no país registrar uma expansão de até 2,9%, bem abaixo da estimada
inicialmente, de 3,5%. Com exceção do desempenho do setor primário, único com
potencial de virar o jogo até dezembro, e de uma retomada consistente dos
investimentos, que precisa ser reforçada para ajudar a dissipar o pessimismo,
os demais números são decepcionantes e exigem providências por parte do poder público.
Só agora,
como admitiu ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a equipe econômica
começa a se dar conta de que não bastam apenas medidas pontuais para estimular
o crescimento. Mais preocupado em manter a inflação em níveis próximos à meta
fixada para o ano, de 6,5%, o governo prefere apostar neste momento numa
retomada efetiva dos investimentos como o principal combustível da economia
neste ano.
Os
investimentos, que, depois de um forte crescimento em 2010, despencaram até atingir
taxas negativas, registraram de fato um crescimento importante de janeiro a março,
tanto em relação ao primeiro quanto ao último trimestre do ano passado. Precisam,
por isso, ser devidamente estimulados para que possam favorecer uma resposta à altura
das necessidades do país.
O
frustrante desempenho da atividade econômica, mesmo com os excepcionais
resultados da safra, serve de alerta para o quanto o país precisa atacar gargalos
como os da infraestrutura. O incentivo ao crédito é fundamental e os resultados
começam a aparecer. Ainda assim, é preciso assegurar mais produtividade,
sobretudo para a agropecuária, que enfrenta problemas sérios para escoar a
produção. A estimativa é de que 19,23% do PIB equivale ao gasto apenas com
custo logístico brasileiro. No agronegócio, o percentual oscila entre 8,5% e 9%
do PIB. Em ambos os casos, o custo é insuportável.
Assim
como as reformas estruturais, sempre postergadas, ações na área de infraestrutura
exigem um período mais longo para dar resultados. Por isso, o país precisa agir
logo para evitar que o crescimento econômico continue sendo adiado
indefinidamente.
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