16 de maio de 2013 | N°
17434
PAULO SANT’ANA
Cadê o médico?
Recebi do prefeito desta capital
um interessantíssimo e-mail sobre a hipótese da importação de 6 mil médicos
cubanos para atender a população desassistida. É uma visão do outro lado, o das
prefeituras. Ei-la:
“Uma das coisas que mais
angustiam os prefeitos de todas as cidades é não conseguir atender com presteza
e qualidade as demandas da área da saúde.
Os municípios investem muito
acima do preceito constitucional nessa área, mas o retorno sempre é inferior ao
esperado. Busca-se uma boa estrutura nas Unidades Básicas de Saúde, mas esse
esforço cai por terra pela falta de médico para o atendimento da população de
baixa renda.
E esse é um problema que tem se
agravado no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, só no Programa Saúde
da Família (PSF) faltam mais de 6 mil médicos para completar as equipes. Para
cada concurso público realizado, aparece apenas meio médico por vaga, enquanto
em outras áreas, como a do magistério, dezenas são os candidatos por vaga.
Mesmo que o número de médicos no
Brasil seja expressivo, eles não estão dispostos a trabalhar nas pequenas e
médias cidades, nem nos bairros periféricos das grandes cidades.
Em Porto Alegre, centenas de
médicos desejam trabalhar no HPS, no Clínicas, no Conceição, no Presidente
Vargas. Mas são poucos os que se dispõem a ir para uma unidade da Bom Jesus,
Lomba do Pinheiro ou Vila Cruzeiro, exatamente onde está concentrada a
população de mais baixa renda.
Diante dos recorrentes e
gravíssimos problemas enfrentados pela população brasileira em função da falta
de médicos na rede pública de saúde, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP)
desencadeou a campanha nacional ‘Cadê o médico?’.
Defendemos a contratação de
profissionais formados no Exterior em países ibero-americanos, através da
adoção de critérios técnicos rigorosos, com a finalidade de suprir a carência
de médicos no Programa Saúde da Família, instrumento fundamental para aproximar
a saúde do morador de periferia e de baixa renda.
Em apenas três dias, mais de 2,5
mil prefeitos e 4 mil secretários da Saúde assinaram a petição, endossada
recentemente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Temos consciência de que os
desafios da saúde pública são muitos: mais recursos, qualificação da gestão, melhor
infraestrutura e valorização dos profissionais. Enquanto trabalhamos para que
isto aconteça, temos que garantir o atendimento médico a toda a população. Por
isso, a FNP defende, além de brasileiros, a contratação de médicos
ibero-americanos para que toda a população tenha o atendimento adequado a que
tem direito.
Abraços, ass.) José Fortunati,
presidente da Frente Nacional de Prefeitos”.
Vejam que o prefeito Fortunati
praticamente elucida o dilema: quem pediu para que fossem trazidos os médicos
cubanos foram os prefeitos, eles é que sabem onde lhes apertam os calos.
Entidades médicas reclamam de que
o poder público tem de fazer concursos para médicos. Mas, quando os concursos
são abertos, não aparecem médicos para inscrever-se. Sabem por quê? Porque os
aprovados serão lotados em locais em que os médicos não querem trabalhar.
Ora, os cubanos trabalham em
qualquer lugar e até, convém dizer, por salários que os médicos brasileiros não
querem aceitar.
Mas tem de haver médicos em todos
os locais, até nos indesejados pelos médicos brasileiros.
Entonces, que vengan los cubanos!
Porque o que importa é a Saúde.
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