Jaime Cimenti
Música, música, música
Gosto muito do som do silêncio,
que é nosso grande e eterno mantra, mas ainda prefiro os sons de boa música
que, acima de tudo, é uma linguagem. Talvez a linguagem mais universal e a que
tenha mais chances de seguir dando alguma paz, beleza e harmonia ao nosso
planeta, cada vez mais barulhento, tumultuado e conflituado. Até os Beatles,
por aí, mostrou recente pesquisa científica, que a música tinha mais qualidade
e riqueza.
Hoje as aporrinholas eletrônicas
e outros bichos muitas vezes mostram que a galera não está muito a fim de ouvir
música e, sim, de dançar ao som de alguma coisa. Música virou, tipo assim,
música de fundo. Música mais para ouvir do que para escutar. Alguns hits
recentes têm quatro ou cinco notas, estrutura musical paupérrima, mas, ainda
assim, te pegam, te matam, ganham as paradas de sucesso e, principalmente, as
pistas de dança.
Não sou juiz nem crítico de
ninguém e nem sou crítico musical, mas me dá uma certa tristeza ao ver CDs e
DVDs de bossa nova, MPB e jazz relegados às prateleiras dos fundos das lojas,
hoje tomadas por pop rock e outras baladas. Não, não estou falando de
saudosismo. Chega de saudade. Claro, melhor música simples e meio barulhenta do
que música nenhuma ou sons de canhão, de metralhadoras ou de bomba atômica
acabando com o mundo.
Melhor ouvir isso do que ser
surdo, dá para dizer sobre algumas melodias tenebrosas. Pois é, há quem diga
que o orgasmo e a música são as coisas mais próximas de Deus. Concordo. Acho
até que Deus dá uma mãozinha para alguns compositores, como, por exemplo, para
Bach em Jesus Alegria dos Homens, uma das maiores e mais perfeitas composições
de todos os tempos. Sem poesia e sem música a vida fica bem menor, nem sei se
vale a pena.
A música decididamente ajuda a
gente a viver melhor. Aí vão alguns versos a respeito do tema : Música/ música/
música / A música é maior do que o canto/ E o canto é bem maior
que o cantor/ Mas quando a voz brilha ao vento/ A música cresce
mais que o amor. Versos para, quem sabe,
uma futura canção.
São de autoria de um cara que
gosta muito, muito de música, que anda cantando por aí, nos bares e bailes da
vida, ainda com receio de perguntar se querem, mesmo sem pagar, ouvi-lo. Mas
que sempre soube do tamanho e da importância infinitos da música. Música. Uma
das vozes de Deus. Quem sabe, a maior.
Jaime Cimenti
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