06
de dezembro de 2012 | N° 17275
LETICIA
WIERZCHOWSKI
Uma aventura
hospitalar
Minha
querida amiga Carin, grávida de sete meses do Santiago, foi parar no hospital
há cerca de duas semanas. Como seu marido estava gripadíssimo e, portanto, não
poderia acompanhá-la, lá fui eu num sábado de manhã cedinho.
Tinha
acordado naquele dia com uma forte dor nas costas, à altura da omoplata
direita, mas amigo querido merece tudo, então saí com alguns livros, filmes e
um DVD portátil para socorrer a querida Carin. Somos amigas há muitos anos –
ela leu meus primeiros arremedos literários, torceu pelos meus sonhos, secou
minhas lágrimas.
Mas também rimos juntas e muito – Carin é uma
pessoa alegríssima e alto-astral, uma joia mesmo. Lá me fui, então. No
hospital, soube que ela tinha melhorado: o líquido amniótico, que estava baixo,
voltara ao padrão ideal. No hospital também, a minha contratura muscular
piorou. Carin me fez umas massagens (eu tinha ido até lá para cuidar dela, mas
a coisa se inverteu).
Resolvemos
ir até a cafeteria para comer alguma coisa, e então a minha dor ficou tão aguda
que ameacei um desmaio. Lá se foi a Carin, com a sua imensa barriga, chamar um
enfermeiro para mim. Quase sem sentidos, fui parar na emergência, deixando a
minha grávida querida estupefata na cafeteria – quem precisa mesmo de um
ajudante como eu?
Tive
uma contratura tão violenta que pressionou o nervo braquial, e dor nervosa...
Bah, quem já teve sabe do que estou falando. Fiquei na emergência recebendo
remédios por via intravenosa por tempo suficiente para a minha amiga Carin ganhar
alta e ser levada para casa pela mãe, não sem uma pontada de angústia pela
amiga maluca sumida nas entranhas do Moinhos de Vento.
Isso
foi o começo de uma dolorida aventura que ainda não terminou, meus senhores. Há
duas semanas, estou aqui me recuperando desse imbróglio. Não posso ler, não
posso escrever (estou aqui fazendo este texto através do velho método de “catar
milho”, numa posição tão estapafúrdia que só cheguei nela por causa dos meus
três anos de yoga – que não posso fazer por um bom tempo também).
Não
posso nadar, não posso dirigir, não posso pegar meu filho pequeno no colo. Mas
falta pouco, diz o médico. Falta pouco, diz a minha acupunturista. Enquanto
isso, minha querida Carin está por aí, flamante e enorme com sua barriga cheia
de futuro. Espero estar boa quando o Santiago nascer! Dessa vez, prometo me
comportar direitinho no hospital.
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