VALDO CRUZ
De
joelhos
BRASÍLIA - Diz o dito popular que, ajoelhou, tem de rezar.
Pois bem, posto de joelhos pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o Congresso até
que tentou ir até o fim e votar, no rodo, nada menos do que 3.060 vetos
presidenciais esquecidos nas gavetas, alguns desde 2000.
Manobra articulada para escapar do castigo imposto pelo
Supremo, que obrigou o Legislativo a desistir de votar, em separado, o veto da
presidente Dilma sobre a distribuição de royalties do petróleo.
É bom lembrar que partiu do próprio Congresso, em recurso
encaminhado ao STF, a definição de que o Legislativo ficou de "joelhos
frente a outro Poder" após ser impedido de adotar a operação fura-fila
-tentativa de deixar para trás 3.059 vetos.
Se ficou genuflexo, foi por conta e obra própria. Não por
culpa do Supremo, que apenas lembrou ao Congresso sua obrigação de seguir seu
regimento. Lá está escrito que vetos devem ser apreciados por ordem
cronológica, em 30 dias.
Vetos que se acumulam por causa da ineficiência do
Legislativo e de interesses do outro Poder, o Executivo, que muitas vezes
prefere vê-los engavetados a correr o risco de serem derrubados.
Sem falar que a cúpula do Congresso adora ter na gaveta um
veto complicado, com grandes chances de cair, para usá-lo como arma na busca de
benesses federais.
No caso em questão, o veto gera uma guerra entre Estados
produtores e não produtores de petróleo na divisão dos royalties. Estes
últimos, maioria no Congresso, serão os beneficiados se ele cair. Resultado: a
sessão de ontem virou uma batalha regimental e não vingou.
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