18
de dezembro de 2012 | N° 17287
PAULO
SANT’ANA
Rescaldo da entrevista
Só agora
vejo com mais calma o que ocorreu para Fábio Koff dar aquela entrevista
constrangedora de anteontem.
Koff
confrontou o esplendor da inauguração da Arena com o orçamento que terá de
manejar em 2013 e sentiu algum calafrio.
De
alguma forma, tentou alertar os gremistas para as dificuldades que terá para
cumprir as suas promessas de fazer o Grêmio retornar ao caminho da conquista de
títulos.
Só que
Koff foi infeliz, por exemplo, ao declarar que “a Arena não é do Grêmio”.
Com
essa declaração, ele muniu o folclore da rivalidade Gre-Nal com uma gozação que
já era de certa forma feita pela torcida colorada: “A Arena não é de vocês”.
Mas é
claro que a Arena é nossa. Eu comprei minha primeira casa própria há 40 anos,
um apartamento que levei 20 anos para pagar pelo Banco Nacional de Habitação.
Mesmo
enquanto eu não pagava todas as prestações, a sensação que eu tinha era de que
o apartamento era meu. O mesmo sentem os gremistas que agora moram na Arena. O
estádio é nosso, apenas temos de cumprir os compromissos financeiros oriundos
do contrato e que levarão 20 anos para serem concluídos.
Fábio
Koff deverá, nos próximos dias, corrigir os termos de sua entrevista que
causaram danos espirituais ao Grêmio.
Com
certeza, ele fará um pronunciamento em que fundamentará a esperança que possui
de que o Grêmio está partindo para uma nova era de vitórias.
Tanto
que ele próprio declarou esses dias que recebeu o Grêmio no passado em condições
financeiras muito piores que as de hoje.
Ontem,
me esqueci de dizer que o terreno onde foi erguida a Arena foi comprado e pago
inteiramente pela OAS.
Pelo
menos um benefício, entre tantos prejuízos espirituais, trouxe a entrevista de
Koff: os empresários e clubes que vão vender jogadores ao Grêmio adquiriram a
consciência de que não é um mar de rosas a situação financeira tricolor.
Koff
não declarou na entrevista, mas deve ter pensado que a Arena foi inaugurada às
pressas, a toque de tambor, com inúmeras obras do novo complexo inconclusas. Na
inauguração, os elevadores não funcionaram a contento, havia problemas nas
copas, no gramado e em outros setores. Muito ainda há que ser feito para tornar-se
flamante o estádio, eu suponho que essas conclusões sejam de responsabilidade
da OAS.
Durante
a inauguração, pôde-se ver, após os corredores do estádio, no sentido de dentro
para fora, verdadeiras ruínas nas obras que se instalaram ali.
É mais
uma dor de cabeça para Koff, entre tantas que o levaram a dar aquela entrevista.
Mas
ele foi eleito inclusive para resolver todos esses problemas.
E
ele tem competência para resolvê-los.
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