sábado, 29 de dezembro de 2012



29 de dezembro de 2012 | N° 17297
NILSON SOUZA

Saideira

Prezado Dois-Mil-e-Doze, sei que estás de saída, mas acho que ainda dá tempo prum mate de despedida. Já que o mundo não terminou, como previram os maias, vamos repassar os fatos dignos de aplausos e vaias. Pulemos janeiro e fevereiro – como sempre, teve verão, Carnaval, com homenagem especial ao saudoso Rei do Baião, mas o país só acordou no seu berço esplêndido, lépido e faceiro, depois que o cara da Fifa nos sentenciou um bom chute no traseiro.

Foi uma revolta geral, o ministro do Esporte chegou a vociferar um novo Independência ou Morte, mas logo caiu na real: não dá para brigar com quem comanda a torcida, então o melhor mesmo é liberar a bebida. Pelo menos a CBF trocou, finalmente, de chefe. Teixeira jogou a toalha e abriu espaço para o homem da medalha.

E a pátria mãe gentil ingressou célere pela Avenida Brasil. Paramos extasiados, na contramão da esperança, para ver Nina, Carminha e Tufão num enredo de vingança. Teve novela, eleição e o tal do mensalão – todo mundo grudado na televisão. Era um debate geral pela atenção do telespectador: de um lado o relator, do outro o revisor, parecia um Gre-Nal. Com farpa de todo lado e muito juridiquês, terminou com ex-ministro condenado ao xadrez. Teve poesia e prosa, teve fraude e peculato, mas quem dominou o fato foi mesmo Joaquim Barbosa.

E Lula, goste ou não goste, se exaspere e o peito estufe, se enredou com o Maluf e com a tal Rosemary, mas elegeu outro poste. Ainda assim faltou luz, de Brasília ao Maranhão, e de apagão em apagão, vamos carregando a cruz. Mudou a legislação: ficha limpa é obrigatória e o acesso à informação dá outro rumo à história. Mas não apaga da memória tanta gente que partiu para os chamados Campos Elísios: Millôr, Hebe, Niemeyer, dona Canô – e uma escolinha inteira de Chico Anysios.

Ninguém fica pra semente, seja justo ou pecador, nem passa impunemente pelo crivo acusador do mais implacável dos tribunais – a artilharia das redes sociais. Caiu, por exemplo, na Comissão da Verdade aquela moça que leiloou a virgindade. Cachoeira entrou calado e saiu mudo, mas acabou enjaulado e só então resolveu contar tudo. Demóstenes Torres falou, mas não convenceu nem evitou a cassação – perdeu, como Bruno e Macarrão.

Na questão ambiental, aconteceu o seguinte: nada na Rio+20 e, com mais vetos do que votos, o novo Código Florestal.

E o nosso herói nacional? Difícil essa eleição: tem juiz de tribunal, tem lutador de voz fina, tem seleção feminina, tem ginasta, tem judoca, todos pintados de ouro, tem goleiro de final, tem veterano e calouro, tem também o artilheiro que marca o gol salvador, tem o Mundial do Timão, tem uma nova Seleção, sem Mano e com Felipão.

Até mais, querido ano, obrigado pela emoção.

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