22
de dezembro de 2012 | N° 17291
ARTIGOS
- Gerson Schmidt*
Para quem crê no Natal
Para
quem acredita no mistério do Natal, não importa se no presépio não estivessem
um burro e uma vaca a acalorar aquela noite santa do nascimento de Jesus, como
apontou o Papa em seu livro. Para quem crê, não faz diferença Jesus ter nascido
um pouco antes do ano zero, como afirmam estudiosos.
Para
quem tem fé, não importa se faltassem magos que seguiram uma estrela cadente
que parou justamente sobre uma gruta em Belém da Judeia. Para quem não duvida
de um Deus feito gente como a gente, pouco importam os detalhes.
Até mesmo
porque muitos continuarão indiferentes, céticos e agnósticos, vendo o
nascimento daquele Homem, supostamente Deus, como um acontecimento histórico
qualquer, fato do passado, uma festa a mais no calendário dos feriadões de fim
de ano. Para quem é ateu, o Natal não traz nada de novo.
Deus
não poderia ter mergulhado desse jeito na história dos homens fracos e
pecadores. Seria um absurdo e fora da lógica das probabilidades. Para aquele
que o Natal faz diferença no calendário, enxerga além das meras aparências, que
segundo os filósofos podem sempre enganar.
O
Natal seria uma noite qualquer se não fosse a essência do mistério daquela
criança indefesa, necessitada dos cuidados de um pai e de uma mãe, pessoas
simples. Aquela estrela brilhou para apontar a diferença. Aquela noite será nosso
dia, será nossa claridade e luz, enquanto não prevalecer a apatia humana.
Os
textos sagrados atestam a presença de anjos a cantar a glória de Deus e a paz
na terra aos homens de boa vontade, para uma humanidade bélica que se arma até os
dentes e acredita na guerra para acontecer a paz mundial. Enquanto nações medem
forças e poderes mais sofisticados, um inocente menino pobre aponta uma
fraqueza que desconcerta, descompassa, confundindo os fortes, apontando uma
verdade ainda maior.
Para
quem não crê que Deus se fez carne e habitou entre nós, nenhuma noite pode ter
mais luz. Tudo pode ser igual, matemático, equilibrado, dentro do previsto. Deus
vir a terra e se importar comigo e contigo, sairia fora de qualquer pensamento
metódico e previsível. O imutável nunca poderia se fazer chão, terra e lama,
tempo e espaço. O imaterial se materializar para se tornar visível aos olhos
humanos? Como entender esse mistério celebrado em todos os tempos e em todos os
povos?
Por
isso, há encanto e magia do Natal, em cada ano. O mistério de um Deus feito
homem intriga sempre a todos, sobretudo a ateus, descrentes e indiferentes. Nenhum
acontecimento, por mais forte que fosse, poderia permanecer tão vivo como este,
que perpassa os séculos. Não mergulha somente no passado, mas inspira o hoje de
cada um de nós, homens pecadores. O Natal sempre fala do infinito e absurdo
amor de Deus pelo ser humano por Ele criado, necessitado de resgate. E Ele veio
assim. Desse modo.
Do
jeito mais inconveniente, aos olhos dos materialistas e empíricos. Numa família,
num lar, num berço. Fez-se gente. Fez-se carne. Entrou definitivamente na
nossa, para que nós pudéssemos entrar na dele. E quem exaltado se humilha é porque
tem grandeza de amor. Como diz São Paulo, se fez pecado, embora sem pecar, para
arrancá-lo do mundo. Natal é mais feliz quando se acredita que esse menino fez
a diferença quando abraçou e assumiu a nossa humanidade.
*PADRE
E JORNALISTA
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