16
de dezembro de 2012 | N° 17285QUASE PERFEITO |
Fabrício
Carpinejar
Preservamos
a identidade do remetente com nome fictício.
“Melhor amigo de meu pai é meu
amante”
“Eu
me apaixonei perdidamente pelo melhor amigo do meu pai. E ainda é casado. Não
posso dizer que temos um relacionamento, mas desde que nos reencontramos, há
dois anos, sempre que ele aparece a gente fica. Não sei o que acontece. Se o
medo dele é do meu pai descobrir e não perdoá-lo, se é medo da esposa se matar
ou matar alguém. Penso que seja por isso que ele não se decide definitivamente
a se separar, pois ela tem crises e ameaças suicidas. Já pensei até que o medo
dele é por ser 12 anos mais nova. Eu realmente não sei. Abraços, Ingra”
Querida
Ingra
Você
está mexendo com magia negra. Investir em namoro com amigo de pai é pedir para
sofrer. Deve conhecê-lo desde pequena, criar a fantasia que estava se
guardando, que o amava em segredo, que não resistia em fantasiar quando ele
vinha visitar a família; uma doideira só.
Não
é sadio se envolver com quem nos viu de fraldas. É pedofilia atrasada.
É um
relacionamento para desacontecer. Parto da seguinte regra: se o caso demora
mais de um ano, esqueça. Os amantes se acostumam rapidamente com a
clandestinidade, e a clandestinidade é mais estável do que o casamento. Além de
tudo, seu companheiro é mentiroso. Vive se protegendo na doença da esposa para
não se decidir a favor do divórcio. Não é que ele não se separa porque a esposa
pode se matar, clássico engodo masculino. Ele alimenta a enfermidade dela com
ciúme de você para nunca se separar. A mulher suicida e perigosa é o escudo da
inércia, o atestado médico, o pretexto ideal.
Existem
muitos homens usando a falsa histeria da mulher para manter um caso por mais
tempo. São malandros que forjam um descontrole doméstico para prosseguir com a
identidade dupla. Eles se portam como vítimas de um casamento infeliz. Ainda
carimbam a imagem de preocupados e generosos, que não podem deixar a coitada na
mão. Você confia mesmo neste conto de fadas hipocondríaco?
Certamente
ele não se interessa em casar com você, ou oficializar qualquer laço público.
Procura aproveitar a comodidade e facilidade dos encontros. Jamais vai se curar
da esposa doente e completará bodas de ouro. A diferença de idade tampouco é problema.
O que lamento é que tenha quebrado a confiança paterna.
Sob
a roupagem do amor impossível, nem percebeu que elaborou todo o enredo para
chamar atenção do pai. Você se aproximou do amigo dele para castigá-lo pela
ausência em casa? Está mandando a seguinte indireta: como você não me ofereceu
atenção, eu roubei o confidente.
Seu
entrevero sentimental é um atalho à vingança. O que mais deseja é que o pai
descubra o romance para que ele se afaste do melhor amigo e fique mais tempo em
família. Coisas de criança orgulhosa, que não sabe como ganhar colo ou
conversar sobre suas tristezas.
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