10
de dezembro de 2012 | N° 17279
EDITORIAIS
ZH
EDUCAÇÃO
INFERIOR
Mesmo
que tenha evoluído, entre 2008 e 2011, ainda é desconfortável a situação do
Ensino Superior brasileiro, conforme recentes avaliações divulgadas pelo
Ministério da Educação. Pelo chamado Índice Geral de Cursos, que analisou a
qualidade de 2.136 universidades, faculdades e centros universitários, apenas
27 atingiram o conceito máximo, ou 1,3% do total.
A maior preocupação está na base
da pirâmide, onde mais de 500 instituições ficaram com notas abaixo do que o
MEC considera o mínimo para que um curso possa funcionar. Isso quer dizer que
pelo menos um quarto das escolas avaliadas não passou na prova. É um dado com
poder de alarme.
O ministro
Aloizio Mercadante entende que, apesar da performance geral ainda ter alto
índice de insuficiência, é preciso reconhecer avanços. Baseia-se o ministro em
indicadores de uma melhora quase imperceptível em relação a 2008. O que o MEC
deve levar em conta é que, bem abaixo de uma elite de 15 universidades
públicas, entre as quais a UFRGS, e 12 privadas, há no sistema universitário
brasileiro um contingente de instituições sem a menor condição de ensinar.
São
submetidos à avaliação, no Índice Geral e em outros indicadores, a titulação do
corpo docente, o desempenho dos estudantes no Enade (Exame Nacional de
Desempenho dos Estudantes), as práticas pedagógicas e a infraestrutura das
faculdades.
Instituições com instalações razoáveis podem ser as mesmas com um
quadro precário de professores, o que comprova um fenômeno recente do Brasil.
Com a ampliação do alcance de programas oficiais de acesso à universidade e a
ascensão econômica e social de boa parte da população, proliferaram cursos
superiores.
A
educação universitária transformou-se num bom negócio, para atender à demanda
crescente de estudantes. O inchaço provocou um engano. Há muita gente
frequentando faculdades que já deveriam ter sido impedidas de funcionar. O
próprio ministro reconhece que, ao frequentar as salas de aula de tais
entidades, um aluno corre o risco de pouco ou nada aprender. Recomenda o senhor
Mercadante que os vestibulandos consultem o ranking do MEC, para que não corram
riscos.
O
MEC não pode, no entanto, resumir sua interferência a um alerta aos estudantes.
É atribuição do ministério, a partir do que foi apurado, adotar medidas
concretas de restrição às faculdades com deficiências, em especial as
reincidentes. O que não pode ocorrer é deixar por conta dos vestibulandos a
responsabilidade por decisões que, mais adiante, podem se mostrar desastrosas.
Estudantes
que, com sacrifício, conseguem vagas em instituições privadas não podem ser
punidos pelo esforço representado por uma formação superior – considerando-se
principalmente os aspectos financeiros da empreitada. Perdem os estudantes e o
país pelo desperdício de recursos, de tempo e de projetos pessoais.
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