CARLOS
HEITOR CONY
Morde e assopra
RIO
DE JANEIRO - A julgar pelas informações até agora reveladas, as explosões
ocorridas em Boston e, possivelmente, no Texas parecem de fato atos
terroristas, mas amadores, sem a sofisticação que ficou escancarada no episódio
do WTC. Aparentemente, não há uma organização como a Al Qaeda por trás das
bombas caseiras que aumentaram a paranoia norte-americana.
No 11
de Setembro, o atentado mostrou que os adversários (ou inimigos) dos EUA
optaram por um desafio frontal, em nível de guer- ra entre Estados.
Apesar
dos estragos feitos em Nova York e em Washington, o gigante não caiu de joelhos
pedindo clemência aos atacantes. Levou dez anos, mas reagiu; se não desmantelou
a organização terrorista, pelo menos eliminou seu principal comandante.
Parece
que a lição foi aprendida: não há condições para um grupo, seja ele qual for,
tentar desestabilizar a hegemonia norte-americana na base do confronto militar.
Tal
como aconteceu com o Império Romano, o caminho é conhecido: as guerrilhas, os
ataques periódicos que pouco a pouco podem enfraquecer o alvo desejado até a
sua queda definitiva.
Na
Antiguidade, nem mesmo a poderosa Cartago conseguiu destruir o império dos césares,
embora os elefantes de Aníbal tenham chegado até Cápua, nas proximidades de
Roma. Com a vastidão das falanges romanas ocupando quase toda a parte ocidental
do mundo então conhecido, a solução foram os episódios de desgaste liderados
por aqueles que eram chamados de "bárbaros".
Pouco
a pouco, chegaram às portas da "caput mundi", saquearam a cidade, Átila
e Asterix, na história e na ficção, mostraram que é possível bagunçar o domínio
do mais forte. Uma bomba aqui, outra ali, e a "pax" da nova Roma pode
acabar com a velha tática do morde e assopra.
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