quarta-feira, 24 de abril de 2013



24 de abril de 2013 | N° 17412
ARTIGOS - Gabrielle Gottlieb*

A usina, o sapo e o desenvolvimento

Em meio ao dever de preservar o ambiente e a biodiversidade e às possibilidades de crescimento social e econômico, os órgãos ambientais do Rio Grande do Sul têm a tarefa de concretizar o real desenvolvimento sustentável. Assim, a garantia da construção de uma usina hidrelétrica em Arvorezinha e, ao mesmo tempo, a salvaguarda de uma espécie de animal somente encontrado naquele local (o sapo-de-barriga-vermelha) são resultado do que há de mais inovador na gestão ambiental.

A solução para viabilizar mais energia elétrica às pessoas sem prejudicar uma rara espécie resultou do respeito e da confiança da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para com os profissionais que detêm a chave das soluções inovadoras: o conhecimento.

No caso desse empreendimento, o processo de licenciamento ambiental (em fase de Licença de Instalação) cumpriu com as exigências legais e condicionantes estabelecidas pelo corpo funcional da Fepam e, o mais importante, encontrou solução para preservação da rara espécie. Tudo com base na ciência e na busca por mais informações.

Em Arvorezinha, técnicos do Estado e pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Univates identificaram a presença do sapo-de-barriga-vermelha, espécie que não habita qualquer outra região do planeta. Sem prejuízo ao empreendimento, novas pesquisas foram feitas e, a partir delas, chegou-se a uma solução equânime.

Por meio da necessária medida compensatória ao investimento e da boa vontade do empreendedor, acertou-se que será feita uma Reserva Particular de Proteção Natural, preservando o sapo-de-barriga-vermelha, inclusive de ação predatória comum contra essa espécie, utilizada como isca para pesca. Mais: está em elaboração um convênio entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a UFRGS para estudo e preservação da espécie.

Esse caso mostra como podemos avançar em direção à moderna gestão ambiental, que associa o desenvolvimento e o bem-estar das pessoas aos cuidados com a natureza. Essa é a política dos órgãos ambientais do Estado, empenhados em valorizar, capacitar e dar condições de trabalho aos seus técnicos de forma continuada. Dessa forma, estaremos sempre mais próximos da inovação, por meio da qual garantiremos a todos um meio ambiente ecologicamente equilibrado e um Estado no caminho do crescimento.

*DIRETORA-PRESIDENTE DA FEPAM

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