25
de abril de 2013 | N° 17413
ARTIGOS
- Alcy Cheuiche*
O abraço na biblioteca
Inaugurada
em 1912, nossa Biblioteca Pública está sofrendo uma belíssima restauração. Possivelmente,
até o fim do ano, poderemos voltar ao seu convívio. Mas não como antigamente. Por
uma decisão sábia, o prédio centenário deverá transformar-se numa espécie de
casa de cultura, ou museu histórico do livro. Iremos visitá-la para assistir a
conferências no famoso Salão Mourisco, para consultar obras raras e, talvez,
para manusear uma grande coleção de livros escritos por autores gaúchos.
O
que fazer então com seu acervo de cerca de um quarto de milhão de obras, a
maioria encaixotadas? Como biblioteca, em grego, significa “casa dos livros”,
toda essa fortuna cultural merece uma nova moradia. Uma casa à altura desta
primeira sede, mas muito maior, para que não se torne pequena dentro de cem
anos.
O
desafio que precisamos enfrentar juntos, sob a liderança do governador Tarso
Genro, também ele um escritor, já foi enfrentado por Borges de Medeiros. Foi
preciso ter muita coragem para investir enormes recursos na educação e na
cultura (irmãs gêmeas inseparáveis), numa época em que outras prioridades
provocavam o clamor da população rio-grandense.
Basta
ler os jornais da época para comprovar como os poços de água potável de Porto
Alegre e das principais cidades do Interior estavam contaminados e não possuíamos
rede hidráulica nem saneamento básico. Não possuíamos nem mesmo um banco público
estadual de investimento, pois o Banrisul só foi fundado em 1928. Mesmo assim,
foram obtidos os recursos para edificar o magnífico prédio da Rua Riachuelo. E
nenhum jornal da época criticou essa decisão das autoridades.
Não
estamos, no entanto, pregando que o governo do Estado deva construir sozinho a
nova sede da biblioteca. Todos nós, amigos dos livros, devemos colaborar para
isso. Mas precisamos de uma liderança que aglutine todos os esforços, que nos
indique o melhor caminho.
No
dia do livro, conseguimos dar um grande abraço na Biblioteca Pública. Um abraço
de agradecimento por um século de sabedoria. Um abraço com o único objetivo de
fazer-lhe uma promessa. Se depender de nós, o centro histórico de Porto Alegre
irá ganhar, ainda neste decênio, uma nova casa dos livros. Quem se engajou
conosco nesta caminhada não está se posicionando contra ninguém. Apenas a favor
do livro, nossa grande paixão.
*ESCRITOR
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