14
de abril de 2013 | N° 17402
MARTHA
MEDEIROS
Simples, fácil e comum
Tenho
mergulhado numa questão que parece prosaica, mas é de importância vital para
melhor conduzirmos os dias: por que as pessoas rejeitam aquilo que é simples, fácil
e comum?
O
mundo evolui através de conexões reais: relacionamentos amorosos,
relacionamentos profissionais e relacionamentos familiares – basicamente. É através
deles que nos enriquecemos, que nossos sonhos são atingidos e que o viver bem é
alcançado. No entanto, como nos atrapalhamos com essas relações. Tornamos tudo
mais difícil do que o necessário. Estabelecemos um modo de viver que privilegia
o complicado em detrimento do que é simples. Talvez porque o simples nos pareça
frívolo. Quem disse?
Não
temos controle sobre o que pode dar errado, e muita coisa dá: a reação negativa
diante dos nossos esforços, o cancelamento de projetos, o desamor, as inundações,
as doenças, a falta de dinheiro, as limitações da velhice, o que mais? Sempre há
mais.
Então,
justamente por essa longa lista de adversidades que podem ocorrer, torna-se
obrigatório facilitar o que depende de nós. É uma ilusão achar que pareceremos
sábios e sedutores se nossa vida for um nó cego. Fala-se muito em inteligência
emocional, mas poucos discutem o seu oposto: a burrice emocional, que faz com
que tantos façam escolhas estapafúrdias a fim de que pelo menos sua estranheza
seja reconhecida.
O
simples, o fácil e o comum. Você sabe do que se trata, mas não custa lembrar.
Ser
objetivo e dizer a verdade, em vez de fazer misteriozinhos que só travam a
comunicação. Investir no básico (a casa, a alimentação, o trabalho, o estudo) em
vez de torrar as economias em extravagâncias que não sedimentam nada. Tratar
bem as pessoas, dando-lhes crédito, em vez de brigar à toa. Saber pedir
desculpas, esclarecer mal-entendidos e limpar o caminho para o convívio, ao invés
de morrer abraçado ao próprio orgulho. Não gastar seu tempo com causas perdidas.
Unir-se
a pessoas do bem. Informar-se previamente sobre o que o aguarda, seja um novo
projeto, uma viagem, um concurso público, uma entrevista - preparar-se não tira
o gostinho da aventura, só potencializa sua realização.
Se
você sabe que não vai mudar de ideia, diga logo sim ou não, para que enrolar?
Cuide do seu amor. Não dê corda para quem você não deseja por perto. Procure
ajuda quando precisar. Não chegue atrasado. Não se envergonhe de gostar do que
todos gostam: optar por caminhos espinhentos às vezes serve apenas para forçar
uma vitimização. O mundo já é cruel o suficiente para ainda procurarmos
encrenca e chatice por conta própria. Há outras maneiras de aparecer.
Temos
escolha. De todos os tipos. As boas escolhas são divulgadas. As más escolhas são
mais secretas e, por isso, confundidas com autenticidade, fica a impressão de
que dificultar a própria vida fará com que o cidadão mereça uma medalha de
honra ao mérito ao final da jornada. Quem acredita que o desgaste honra a existência,
depois não pode reclamar por ter virado o super-herói de um gibi que ninguém lê.
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