quinta-feira, 18 de abril de 2013



18 de abril de 2013 | N° 17406
ARTIGOS - Edson Brum*

Melhorou? Onde mesmo?

Na tentativa de contestar a análise do PMDB sobre o fraco desempenho da gestão do governo Tarso, o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana (ZH de 11 de abril), se esforçou em mostrar um Estado que existe apenas no mundo virtual. O atual governo tenta vender como real um Rio Grande que não passa de maquete. Assim como compromete ao extremo as finanças para futuros governos, vende uma “terra prometida” que exigiria de todos uma crença cega de que assim será um dia, quando nada indica tal cenário como verdadeiro.

Muito mais do que relatórios oficiais sobre a execução orçamentária nesses dois anos, a avaliação negativa deste governo, que ora reafirmamos, tem também como base os indicadores da realidade que cada cidadão enfrenta no seu dia a dia. Basta perguntar aos gaúchos onde diminuiu a criminalidade, onde melhoraram o atendimento da saúde, as condições das estradas e a escola dos filhos.

Teremos então, como resposta, a verdade de um governo que corta gastos nos órgãos de segurança, reduz como nunca os investimentos em rodovias, destina bem menos para a saúde do que mostram as propagandas e tem um dos piores índices do orçamento para a educação.

Há uma relação direta destas opções do governo Tarso – ou falta delas – com os problemas do cotidiano. A disparada do roubo de veículos e homicídios, por exemplo, está diretamente associada ao maior corte do país (-28,42%) nos gastos com a segurança. Representa mais de R$ 1 bilhão por ano que deixaram de ser investidos para atenuar a onda de assaltos e mortes. É o que diz o último relatório do Ministério da Justiça, quando o Fórum Nacional de Segurança Pública era conduzido justamente pelo então comandante da Brigada Militar, coronel Sérgio Abreu.

O esforço da Assembleia Legislativa em alcançar os 12% no orçamento de 2013 na saúde não passa, para o governo, de mero protocolo de intenções. É o que se vê neste primeiro trimestre, em que os hospitais filantrópicos não receberam um único centavo. Trata-se de um histórico confirmado pelo próprio secretário da Saúde, Ciro Simoni, em audiência pública, ao admitir que, em 2012, o gasto no setor foi de 7,4% do orçamento, e não os 9,7% divulgados anteriormente. A diferença a menor também se verificou em 2011, quando o gasto foi de 6,8% e não de 8,1% como constava. Não é difícil imaginar o porquê das filas nas emergências.

Assim também se dá na educação. As 1,1 mil obras em escolas prometidas em 2011 foram transferidas para 2012 e até agora não saíram. De fato, não temos mais aulas em contêineres, porém o governo Tarso inaugurou a modalidade de aulas em CTGs, em churrascarias e até mesmo uma diretora precisou fazer do banheiro sua sala de trabalho. Estamos diante do pior governo em termos de manutenção da rede, e a média de gastos na educação, que no governo Rigotto (PMDB) esteve acima dos 30%, agora fica sempre abaixo.

Para o mundo real da totalidade do magistério ainda resta a promessa da Lei do Piso, aquela que levou a assinatura de Tarso. Em um futuro real e bem próximo, esta promessa representará um passivo de R$ 10 bilhões, com que a sociedade arcará.

Portanto, longe do protagonismo que todos esperavam diante dos problemas financeiros do Estado, o governo Tarso impõe sacrifícios aos gaúchos ao retirar recursos fundamentais em áreas que impactam na qualidade de vida, aumenta o endividamento e joga no colo dos futuros gestores uma fatura muita salgada: um Estado onde tudo estará por ser feito.

*DEPUTADO ESTADUAL E PRESIDENTE DO PMDB-RS

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