quarta-feira, 17 de abril de 2013



17 de abril de 2013 | N° 17405
EDITORIAIS ZH

O ALERTA DE BOSTON

Está com as autoridades americanas, infelizmente acostumadas a lidar quase que rotineiramente com atentados contra inocentes, a missão de desvendar a autoria e as motivações das explosões de segunda-feira em Boston.

O que for apurado certamente irá contribuir para a compreensão de fatos como este e para que o mundo adote medidas preventivas capazes de pelo menos reduzir os riscos de ações violentas contra grupos indefesos de pessoas. O alerta que vem dos Estados Unidos interessa particularmente ao Brasil, em preparação para uma série de eventos internacionais.

Todas as instituições envolvidas na montagem de um complexo sistema de segurança devem pôr à prova a declaração de ontem do ministro das Relações Exteriores, de que estamos preparados para enfrentar ameaças internas e externas.

É oportuna a atitude do senhor Antonio Patriota ao procurar transmitir confiança aos brasileiros e a eventuais participantes dos eventos. O primeiro grande teste acontecerá em junho, na Copa das Confederações. Em julho, o país será sede da Jornada Mundial da Juventude, promovida pela Igreja Católica, que deve trazer o papa Francisco pela primeira vez ao Brasil.

No ano que vem, será vez da Copa do Mundo, e em 2016, da Olimpíada. Em nenhum outro período tão curto de tempo, o país acolheu tanta gente, como ocorrerá a partir deste ano. Preparativos intensos, que se iniciam agora, são decisivos para a preservação de vidas e também da imagem do Brasil. É o que as autoridades asseguram que vem sendo feito, com treinamentos aqui e no Exterior e a inspiração em referências de eventos anteriores em outras nações.

Ressalte-se a ênfase dada pelo consultor da Fifa para a Copa do Mundo Andre Pruis à troca de experiências com organismos internacionais que se dedicam ao serviço de inteligência. O esforço para que o sistema montado fique como legado ao país, por formar pessoal e investir em tecnologia, não pode, no entanto, ser ameaçado pela carência de recursos humanos.

Devem ser ouvidos e bem avaliados os alertas de entidades de servidores federais, que têm demonstrado preocupação com a possível falta de pessoal para todas as tarefas de segurança. As mesmas entidades advertem para o fato de que a concentração de pessoal de ponta nas demandas dos eventos pode, no caso da Polícia Federal, por exemplo, deixar a descoberto o combate ao contrabando e ao tráfico de drogas.

São receios bem fundamentados, que merecem atenção dos envolvidos com a proteção aos participantes dos eventos. Atentados covardes como o que abalou Boston e o mundo podem ter causas diversas e obviamente merecem o repúdio internacional. Mas as manifestações de indignação são insuficientes para que venham a ser evitados ou tenham seus danos reduzidos, especialmente em congraçamentos ou competições que atraem, como em Boston, povos de todos os continentes.

O Brasil deve evitar que a área de segurança repita os transtornos da condução de projetos de engenharia, que têm abalado a reputação do país por conta de defi-ciências de gestão que provocam atrasos nos cronogramas, queda na qualidade das obras, desperdícios e superfaturamento.

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