19
de abril de 2013 | N° 17407
EDITORIAIS
ZH
A usina e o
sapo
Compreende-se
e aplaude-se a preocupação dos órgãos ambientais com os impactos que grandes
obras são capazes de provocar. Mas não há como ignorar exageros, como o que
emperra a construção de uma usina hidrelétrica em Arvorezinha, por conta das
exigências de um processo de licenciamento. Preocupada em preservar um sapo
raro, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental aguarda a delimitação de uma
área que permita a sobrevivência da espécie.
O
resultado da medida é a ampliação de burocracias que invariavelmente atrasam
projetos similares, sempre com o argumento de que a natureza está sob ameaça.
Ainda que as instituições encarregadas de defender o ambiente mereçam respeito
pelas tarefas que desempenham, chega a ser anedótico que um sapo se apresente
como o principal obstáculo a ser superado.
Ninguém
ignora que todas as espécies merecem atenção, inclusive a do animal em análise,
especialmente por se tratar de um anfíbio que só existiria naquele local.
Também é inquestionável que cada habitante da Terra, por mais insignificante
que pareça, tem sua importância relativa na preservação da biodiversidade.
O já
precário equilíbrio ambiental, que desencadeia a redução, a eliminação ou a
proliferação de espécies, com os variados danos daí decorrentes, depende de
cuidados como os que cabem por lei à Fepam.
Mas
não há como justificar a morosidade de processos que se arrastam por anos,
quando os organismos dos quais dependem as grandes obras deveriam caracterizar
suas atividades também pela agilidade. Se a melhor alternativa é a delimitação
de uma área de preservação, que tal medida seja tomada dentro de um prazo
razoável e sem maiores prejuízos ao projeto.
O
que não pode ocorrer é que, em nome da salvação de sapos, o setor público acabe
por condenar um empreendimento decisivo para a economia da região. O bom senso
recomenda racionalidade, para que a defesa da natureza e o desenvolvimento não
sirvam para fomentar um falso dilema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário