segunda-feira, 15 de abril de 2013



15 de abril de 2013 | N° 17403
ARTIGOS - Cláudio Brito*

Fraternidade

Dois encontros de pensadores, políticos, empresários, jornalistas e intelectuais de múltiplas formações agitaram o ambiente acadêmico e a cidade, recentemente, com debates interessantes em cada um deles e também no cruzamento da repercussão que cada evento alcançou. Falo dos fóruns da Liberdade e da Igualdade, que a PUC e a Câmara Municipal abrigaram, respectivamente.

Rotulou-se cada simpósio. Um é de direita, outro de esquerda. Um é neoliberal, outro é progressista, mas estatista. É o que dizem, são as maledicências que encaminham os que, na plateia ou fora dela, analisam os conteúdos debatidos. E sobram farpas para um lado e para outro. Resulta disso que os avanços e acréscimos deixados são de efeitos raros ou mesmo nulos.

Fica um grupo adiantando provocações ao outro. Talvez fosse melhor que, fazendo por merecer as denominações, ambos aceitassem uma ideia de fusão. Seria bom experimentar a liberdade de se debater a igualdade, ou por outra, sendo todos iguais, tratássemos dos meios de consolidação da liberdade.

É quando me lembro do trinômio consagrador do ideário da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Não sei se me apresso, mas vou logo à conclusão de que faltou um fórum em Porto Alegre. Fraternidade bem que poderia ser tema de acontecimento idêntico aos dois outros. Fraternidade é o que mais nos falta.

Como somos beligerantes por aqui. Vermelho ou azul, pau ou pedra, Grêmio ou Inter. Sempre temos antagonismos a nos mover. E, se fôssemos fraternos, perceberíamos que irmãos concedem-se liberdade por serem iguais. A fraternidade garante os outros dois pilares, em nome dela é que flexibilizamos, somos razoáveis e sensatos. Ou, de outro jeito, seremos eternos brigões.

O grande Cartola sabia muito. Um de seus sambas antológicos diz que o morro de Mangueira é como uma sala de recepção, onde se abraça um inimigo como se fosse um irmão.

Nem se exija tanto, mas seria mais produtivo que ampliássemos a ideia dos fóruns para um evento maior e mais decisivo em seus resultados. Um fórum maior, aberto a todas as tendências, o Fórum Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Um só plenário, uma tribuna, mas todas as ideias. Seria muito mais produtivo. Aposto com fé.

*JORNALISTA

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