DANUZA
LEÃO
Se a vida fosse
fácil
Não
se pode amar alguém aprovado pela família, pela igreja e pela sociedade; esses
são para casar
Se
você pudesse escolher, preferiria ter um marido fiel mas que fosse um mau
marido --desses que bebem errado e falam o que não devem, e é, frequentemente,
um tédio-- ou um marido infiel e ótimo marido? Difícil escolha, e saiba: um
ótimo marido se percebe pelo brilho do olho da mulher.
Teoricamente,
um bom marido é aquele que, em primeiro lugar, não trai, e são esses os que as
mulheres mais abandonam. Para que uma paixão continue a existir, é preciso que
não se tenha muitas certezas, e nenhuma mulher ama um marido fiel demais. Para
tudo há limites, até para a fidelidade.
Quais
são os homens mais inesquecíveis da vida de uma mulher? São sempre os que mais
aprontam, mais desaparecem, mais traem --e não confessam nunca--, mas que a faz
mais feliz do que todos os bons rapazes do mundo.
É
mais ou menos simples: se um homem é aprovado por todos, nunca é aquele que faz
um coração juvenil bater descompassadamente. Não se pode amar alguém aprovado
pela família, pela igreja e pela sociedade. Esses são para casar, o que não tem
nada a ver com o amor.
Nada
pode incendiar mais um romance do que a oposição da família; ela costuma ter
razão, quando é contra, e a família está sempre unida contra os
"maus" rapazes. E o amor, então? Desde os Capuleto e os Montecchio
(famílias de Romeu e Julieta, para quem esqueceu) tem sido assim, e não há
modernidade que mude essa regra.
O
que mudou foi que hoje não dá nem tempo de alguém ficar contra, porque aí já
acabou. E vamos reconhecer, pais e mães estão certos: nessa hora eles estão
pensando em seu próprio sossego e em sua própria tranquilidade, no que estão
cobertos de razão. Aliás, quase todos têm sempre razão, e algum dia você viu
pais e filhos estarem de acordo? Se estão, alguma coisa deve estar errada.
Eles
querem, para marido de sua querida filha, estabilidade em todos os sentidos,
começando pela financeira, e que os sentimentos do pretendente também sejam
estáveis. É até melhor que ele não ame apaixonadamente; melhor que tenha um
sentimento calmo, maduro, confiável.
Enquanto
isso a filha, com seus hormônios à flor da pele, anseia por um homem que a
enlouqueça e a faça perder o rumo de casa.
Esse
às vezes até casa (quando ela é rica), mas que ninguém espere dele fidelidade;
esquecendo esse pequeno detalhe, costumam ser ótimos maridos, capazes de levar
a mulher para um motel numa tarde de segunda-feira, ou a um fim de semana em
Nova York, a troco de nada --as crianças ficam com a babá, qual é o problema?
E se
for flagrado às 2h da madrugada tomando um uísque na sala, lembrando de como
era boa a vida de solteiro, quando a mulher chega devagarzinho e faz a
pergunta, aquela --"em que você está pensando?"-- ele vai responder,
com a maior sinceridade, "em você, amore". Ela não vai acreditar, mas
fica na dúvida: e se for verdade? Esse é um bom marido, e esse casamento vai
durar --sobretudo se o pai dela continuar rico.
Mas
afinal, você quer saber o que preferem as mulheres, se um marido fiel ou
infiel? Refleti sobre o assunto, e acredito que a solução deve ser um homem
fiel fingir que é infiel, e o infiel fingir que é fiel. Simples a vida, não?
P.S.¹:
Para mandar um Sedex (um envelope com UMA folha de papel), do Rio para São
Paulo você paga R$ 30,00.
P.S.²:
E Rose, hein? Ela é a cara do PT.
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