02
de dezembro de 2012 | N° 17271
PAULO
SANT’ANA
Despedida da
casa
Este
domingo é um dia que pode se tornar alegre, mas em essência é muito triste: é o
dia dos violões em funeral, o dia do último jogo da história do Olímpico.
Eu
conheço a torcida do Grêmio. Toda ela irá chorar à tardinha. A torcida tricolor
vai derramar lágrimas de saudade antecipada do Olímpico:
Saudosa
maloca, Maloca querida,
Oi
didonde nóis passemo
Dias
feliz de nossa vida.
Passarão
diante dos nossos olhos no estádio os fantasmas da nossa felicidade.
A
cena de Ortunho com a cabeça enfaixada com o rubro do seu sangue colorindo a
garrafada que ele recebeu da arquibancada.
A
cena de Everaldo, naquele jogo noturno, dando um soco no rosto do árbitro
Faville Neto, derrubando-o em nocaute ao chão e tendo sido suspenso por um ano
do futebol.
A
cena que jamais sairá da nosso memória: Renato Portaluppi, quase na bandeira do
escanteio, vendo que não tinha possibilidade de erguer aquela bola no gramado
ensopado acima daquela muralha de jogadores do Peñarol, deu uma cavadinha na
pelota e mandou um balão para dentro da área. César, o centroavante, botou de
cabeça para dentro do gol, sagrando o Grêmio pela primeira vez Campeão da
América.
Nunca
vamos esquecer daquela cena, foi a maior vibração da torcida na história deste
estádio sepulto.
Um
dos momentos mais inesquecíveis do Estádio Olímpico foi aquele em que o Grêmio
enfrentava o Santos, e Pelé e Coutinho, inacreditavelmente, vieram tabelando,
de cabeça, do círculo central até a área pequena do Grêmio. Os gremistas se
renderam e aplaudiram aquela jogada fantástica.
O
voo espetacular de André Catimba depois de fazer o gol da vitória no Gre-Nal
decisivo de 1977.
Olímpico
do Oberdan, do Paulo Lumumba, do Jardel. Olímpico do Mazaropi, do Juarez, do
Gessi, do Mílton, do Eurico, do grande e insuperável Airton Ferreira da Silva,
o incrível zagueiro que nunca fez sequer uma falta. Olímpico do Alcindo e de
João Severiano.
Eu
pretenderia, na tarde deste domingo, fazer minha última volta olímpica no
estádio, tantas eu já fiz, em companhia de meu filho Jorge Antônio, com 42
anos, e meu neto Luca, com oito anos, significando as três gerações que
frequentaram o estádio.
É um
estádio tão amado, que o ex-presidente que o concluiu, Hélio Dourado, recusa-se
a pôr os pés na Arena, achando que assim trairia o Olímpico.
Saudosa
maloca! O domingo vai ser dia de muitos e derramados prantos.
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